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Carta aos meus Antepassados

Carta aos meus Antepassados
Giuliana de Sousa cordioli
nov. 3 - 7 min de leitura
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Estava pensando como é difícil iniciar uma carta de valor inestimável como esta.

Fechei meus olhos e a primeira pessoa que veio em minha mente foi meu bisavô paterno Santo, filho do meu trisavô Luigi. Santo e seu irmão Henrico perderam a mamãe bem cedo e seu papai convidou uma senhorita que havia perdido seu grande amor um dia antes de seu casamento, para casar.... Eles se casaram na Itália e logo pegaram o navio para o Brasil. Quantas mudanças para esses pequeninos seres: perdeu a mamãe, papai casou-se novamente, tiveram que dizer adeus a todos os queridos avos e ate de sua terra tão amada. Quanto medo, solidão, luto, tristeza, dificuldades eles passaram ao chegar no porto de Santos. Soube que ficaram aqui no Brasil, na região de Pitangueiras e tiveram mais irmãos. Santo foi o pai da minha avó paterna, Dona Maria, mulher guerreira, independente e que esta viva ate hoje.

Estudando a minha árvore genealógica descobri que o ano de 1974 foi muito doloroso para o meu papai. Em fevereiro meu tio Valdomiro cai quando instalava outdoors no Mato Grosso e morre; depois em julho falece meu bisavô e em dezembro meu avô Natalino. Sinto ate vontade de chorar quando penso da morte física do meu tio, bisavô e avô, todos no mesmo ano, três gerações masculinas do mesmo sistema. Me lembro que meu querido papai depois de alguns anos fez um túmulo bem bonito para eles, o qual fui visitar e levar flores para honrar a vida deles que ainda existe em nos. Pedi para que a força masculina deles me abençoe financeiramente para que o fluxo da vida flua intensamente de mim. Em frente ao túmulo deles me deu uma enorme tristeza quando vi que o irmão mais velho do meu pai era apenas 1 ano de diferença e ai entendi porque em todas as constelações meu pai nunca olha para mim e sim para uma dor muito grande, uma perda muito grande que ele teve.

Fiquei muito feliz na parte que descobri que uma irmã da minha avó paterna que se chamava Euvira, assim como a minha avó materna. Minha mamãe nunca gostou muito de falar da minha avó, hoje entendo, porque aprendi com a Olinda que ela foi apenas genitora, nunca cuidou da minha mamãe. Achávamos que ela era uma mulher da vida, deixava os filhos com a mãe dela e só aparecia de vez em quando. Até que um dia ela muito nervosa com o pai da minha mãe e de uma outra filha dela, ateou fogo na casa onde morava para matá-lo. Mas foi ela que acabou queimando e falecendo meses depois. Quem cuidou da minha mãe e a amava com todas as forças foi a minha bisavó, que era índia e também benzedeira. Minha mãe diz que a chamava de mãe. Infelizmente minha bisa não foi eterna e faleceu quando a minha mamãe tinha 8 anos, ficando ela e seus irmãos a espera de salvadores. Hoje eu acredito que essa alma de curadora que tenho vem da minha querida bisa. Já minha beleza e luz vem da minha querida vovó Euvira, a qual entregou sua vida para encontrar seu papai.

A irmã mais nova da minha mãe foi embora com a madrinha e nunca mais se soube dela. Ah como queria conhecê-la, ver se ela tem nossa beleza, se tem o mesmo tipo de personalidade da minha mãe, se ela sofreu ou não, se esta viva ou não, se sabe de algo ou não, ouvir suas historias seria lindo. Quem sabe um dia descobriremos esse grande mistério!

Já meu tio mais velho foi morando de pessoas em pessoas, ate que um dia uma linda família de São Paulo o adotou como filho, muito lindo ouvir ele falar e contar sua historia. Graças ao meu pai eles se encontram com 20 anos de idade. Acho lindo de ver que mesmo passado tanto tempo longe um do outro, eles se parecem muito!! Os dois amam a bíblia, falam de Jesus, sabem de cor e salteado os versículos e não bebem álcool, mas casaram com pessoas que amam uma cervejinha (rsrs).

Mas a mais velha desses irmãos da minha mãe, foi a Belinha, que infelizmente não sabemos muito sobre ela porque ela foi a primeira e faleceu de lepra. Minha mãe conta a historia que ela teve que ficar trancada no fundo de um quartinho para não contaminar ninguém e acabou falecendo. Eles eram discriminados pelos vizinhos por ela ter lepra e por serem pobres e todos os dias irem pedir comida. Belinha, seu sinto muito minha querida, sinto muito mesmo, por toda sua dor, falta de colo, de palavras carinhosas, de não ter sido ouvida e amada o tanto que você merecia.  Eu te vejo!!!

Esse ano minha mamãe foi internada por dengue, eu cuidei dela com muito amor. Ela gostou muito dos meus cuidados. Uma hora, durante esse internamente precisei pegar os documentos dela para lidar com as burocracias e vi a parte vazia do nome do pai na identidade. Por mais que eu soubesse disso a vida toda, aquilo me doeu tanto por ela. Mas ela é uma mulher incrível, que nunca deixou se abater por toda dor, vazio e orfandade que viveu. Foi incrível o amor que ela teve comigo e com minha irmã e como é lindo demais de ver as funções maternas que ela tem dentro dela. Sempre nos ensinou certinho tudo, como s tivesse tido tudo isso em sua vida. O mais bonito foi o amor e carinho que ela sempre teve com nossas coisinhas, tudo era bonitinho e bem cuidado e sempre tínhamos do bom e do melhor... Gratidão querida mamãe Ester. Minha mamãe não se sente amada pela mãe e pela avó, mas hoje fiz as pazes com essa minha historia e as vejo com amor e carinho. Hoje eu sei que estou muito em ressonância com o lado materno e por isso tenho muitas tarefas para resolver desse sistema para podermos seguir em frente. Minha irmã mais nova ficou na frequência paterna, por isso não tem problema algum com dinheiro. 

Meu querido papai tem um filho do primeiro casamento dele, mas eles nunca tiveram muito contato! Inclui esse meu irmão, devolvendo a ele seu devido lugar no ano passado... Eu sempre dizia que era a mais velha, e agora digo q ele é o mais velho. Pedi perdão para ele, por ter tomado o lugar dele de irmão mais velho; e ele disse que não tinha nada que me perdoar, porque eu não tinha culpa. Desde então minha vida com minha irmã se transformou. Agora finalmente tenho a minha irmã de volta, porque nos desentendemos a vida toda.


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