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Carta para Mamãe

Carta para Mamãe
OLINDA GUEDES
jul. 30 - 8 min de leitura
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Querida Mamãe!

Depois de tantos anos... tanto tempo se passou desde que nasci. Afinal, meio século passa rápido, mas é um bocado de tempo, estou cá a lhe escrever. Mas, queria dizer que é bastante tempo desde nossas últimas cartas. E faz tanto tempo também que a senhora voltou para Casa. Sinto saudades. Hoje é um momento tão especial... tão único. Venho lhe dar notícias. A vida não foi generosa comigo por alguns anos, aliás, ela foi tão rigorosa. Testou-me de todos os modos. Não vou contar detalhes, mama, querida, porque afinal, sei o quanto sofreria se soubesse que qualquer um de seus filhos estava sofrendo. Isso é natural para as mães, mas era sobretudo uma qualidade sua. Uma consequência de seu amor tão infinito para conosco.

A senhora foi minha primeira e grande mentora no que diz respeito a Servir. A Servir com amor, gratidão, caridade, compaixão. Ontem, eu ainda falei da senhora para meus alunos. Estava ensinando-os sobre Ser Terapeuta.

Mamãe, querida... amor da minha vida, te acomodo em saudades infinitas, numa sensação maravilhosa de valeu! Valeu o amor, valeu tudo o que pude praticar de tudo o que aprendi... e lhe peço desculpas por minhas humanidades...

Tenho melhorado, Mamãe. Melhorei praticamente tudo, já. Só ainda não consegui evitar de ficar brava com algumas coisas... com portas batendo, por exemplo, com gente que maltrata as crianças e os bichos... mas acho isso bem bom... então, acho que a senhora teria até orgulho de mim. E a senhora, Mamãe terá muito orgulho da pessoa que me tornei. E mais alegria ainda, em saber que hoje sou uma mãe valente, guerreira, corajosa, destemida... ninguém tira quase farinha comigo. Defendo meus filhos com unhas e dentes. Mas, defendo outras crianças também. Isso é bom, não é mesmo, Mamãe? A senhora também faria isso. Lembro-me bem de como ajudou nossa amada Zinha.

Aos quarenta e sete anos, Mamãe, chegou para mim a Nina. Minha bebê maravilhosa, uma boneca, linda... demais, mais que minhas bonecas todas juntas. Não! Não era bem assim, mas para mim sempre foi. Saí com ela nos braços, da maternidade. Amém! Que milagre! Mas, dizem que Deus atende as preces do coração de seus filhos. Estava eu, Mamãe, numa igreja, num mês de outubro, pedi a Deus essa filhinha. Ele fez com que um homem e uma mulher se unissem e então, a Nina veio. Seis meses depois, ela nascia. E, se não tivesse nascido especial, não seria minha.

Deus faz tantos truques, não, Mamãe? Nina é linda. Amor de nossa vida! Eu sempre falo da senhora para ela. Ela lhe chama de Vovó Ita. Já ouviu a voz dela, Mamãe? É linda, não?

Bem, então, como Deus me ama muito, demais... ele me surpreendeu novamente! Sempre quis sêxtuplos. Sempre achei lindo, uma ninhada, filhos chegando de uma vez! Eles chegaram. São lindos, Mamãe. A senhora adoraria o sotaque deles, é o maior charme, Mamãe. São morenos, cinco lindos meninos, cabelos cacheados. Dentre eles tem o meu Curumim, Curumins... dois indiozinhos, lindos. A gente brinca, falamos que tem o Curu e o Min... e a gente se ama demais. A menina mais velha dos sêxtuplos, é uma linda... e ajuda bastante. É amorosa também e sempre cuidou dos irmãos. A gente agora está esperando a maninha deles. Pequenina. Eles quem criavam. Eu tenho amor por ela, porque Kamí tem tanto amor também... era a filhinha dela, entende, Mamãe? Era ela quem trocava a fralda... era ela quem cuidava... alimentava. Mas, não vou continuar esse assunto agora, senão vou chorar. Isso é outra coisa, Mamãe, tornei-me tão sentimental. Qualquer coisa arranca lágrimas dos meus olhos.

Um dia desses me lembrei de minha Mestra Edmea, de quando eu disse a ela que estava triste, que tinha perdido mais um bebê... ela me abraçou e disse: - Preocupa não, Lindinha! O amor sempre traz de volta. Chorei tanto quando contei isso para meus alunos. Deve ser coisas que só as mães entendem, não é? 

Como se já não bastasse, Mamãe, Susy se aposentou e tem sido tudo neste momento de minha vida. Como sempre foi. Fico até chateada de ver o quanto ela trabalha. Estou me empenhando para diminuir a sobrecarga que eu trouxe para ela.

Não, Mamãe, não pára aí. O Tato, Mano, Joãozinho... o lindo-maravilhoso-irmão que eu tenho, está morando na Chácara. Ele e Sueli vieram para cá e me ajudam tanto com as crianças, com tudo. São mesmo autênticos Compadre e Comadre.

Não para aí também: Papai, do jeito dele, quieto, pensativo... sempre está ao meu lado, me ajudando, aconselhando, protegendo. Ele cansou bastante com a construção de minha casa, porque ele foi o Mestre de Obras, o engenheiro, o dono! Brigou mesmo por mim.

Rsss... a casa é bem legal, Mamãe. Mas, ainda não tem o fogão à lenha. Em breve, se Deus quiser! Será em sua homenagem, tá? Fogão à lenha... ah, como tenho saudades, mamãe. As refeições tão saborosas, o carinho, o chá de hortelã com brasa, arroz-doce, frango ao molho, carne assada na chapa com arroz amanhecido e frio, para mim, pelas manhãs? Lembra, mamãe? Eu nunca fui normal.

Tem mais! Quando Nina chegou, eu precisava muito de alguém que me ajudasse. Veio a Lena. Ela é como uma mãe para a Nina. Faz melhor que eu.

Um detalhe que a senhora já deve ter percebido: Estou solteira! Não é fácil ser tudo. Melhor seria se fosse como em nossa família. Sei o quanto papai foi fundamental... e o quanto a senhora também. Enfim, um casal sempre soma. Mas, sou grata e tenho dado conta. Sou mãe sem marido ao lado, mamãe... sou mãe solteira, como diriam antigamente. Ou, aliás, sou mãe e pronto.

Carta comprida essa! Para encerrar, esse é o terceiro livro de minha autoria. Digo, quatro livros. Porque tem um em versão digital. Mas, esse é o terceiro livro impresso. Ele trata sobre o Sofrimento Humano. Aprendemos que, em tudo, devemos ir para a mãe. A capa dele é Pietá, uma obra de arte, que lembra Maria cuidando do sofrimento de seu filho amado. Com graça e coragem.

Quis comemorar meus cinquenta aniversários e o lançamento deste livro, mamãe, no dia de seu aniversário de nascimento. Hoje a senhora completa oitenta e dois aniversários de nascimento. É minha homenagem para a senhora, por tudo e por tanto. Com amor infinito, até todas as horas.

Abraço-lhe, minha amada querida. Grata por todos os milagres, grata por todo amor. Por todas as bênçãos e por minha vida.

 

Sua Li

Olinda Roseli Maria Soares Mello Arruda Camargo de Godoy de Campos Penteado Dourado de Santana Palmeira Francisco Neves Maranhão e Pereira da Silva Pereira Guedes

 

 

OLINDA GUEDES é mãe da Nina Maria, Camila Maria , João Victor, Gabriel Salomão, Lucas Felipe, Rian Matheus, Hugo José. 

Apaixonada pela vida, escreve com o coração o que cabe em palavras. Nasceu em 04 de junho, escolheu o dia 20/07/2019, data de aniversário de sua mãe  para celebrar seu cinquentenário, com o lançamento do terceiro livro de sua autoria. 

Conduz, no Instituto Anauê-Teiño, a Escola Real, uma Escola de Saberes Úteis. Uma iniciativa cujo objetivo é trocar saberes das diversas ciências com o propósito de uma vida mais feliz, próspera e saudável. Você pode saber mais sobre os eventos presenciais clicando aqui: http://bit.ly/OlindaGuedes-CursosPresenciais2019

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