Como os pacientes tendem a resistir a assumir as suas responsabilidades, os terapeutas têm de desenvolver habilidades e truques (há quem lhes chame técnicas) que lhes permitam fazer com que clientes tomem consciência de como é que criam os seus próprios problemas.
Um procedimento eficaz, que emprego, quase sempre, é centrar o diálogo no aqui e agora, especialmente nas primeiras entrevistas, pois muitos gostam de empatar (resistir) contando uma série de histórias que consideram importante serem conhecidas pelo terapeuta. Para mim, a chamada anamnese, vai sendo feita, conhecida, ao longo das sessões.
Como os pacientes tendem a recriar, no contexto terapêutico, os problemas interpessoais que os incomodam e torturam, na vida, presto a maior atenção àquilo que se passa no momento da consulta, entre mim e o paciente, à linguagem não verbal, evitando, de início, grandes desenvolvimentos sobre os acontecimentos passados, ou atuais, na vida dele.
Analisando os pormenores da relação terapêutica (ou, na terapia de grupo, das relações entre os participantes), consigo determinar, com relativa facilidade, o modo como um paciente influencia, ou manipula, as relações com terceiros.
Assim, como no caso hipotético anteriormente referenciado (problema conjugal), o cliente não pode resistir à impressão imediata que ele próprio deixa, tanto na terapia de grupo como na individual.
O secretismo que caracteriza o seu comportamento, (a resistência a abrir-se), faz com que eu tenha tendência a ter reações muito semelhantes (ou os outros participantes, no caso do grupo) à do cônjuge que ele/a, tem em casa, que ela/e acaba por observar. E podemos começar por aí, com suavidade...
Vicente Duarte