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Como nos tornamos adultos sem sentido: o perigo de já saber!

Como nos tornamos adultos sem sentido: o perigo de já saber!
Silvia Costa
fev. 17 - 3 min de leitura
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Para que fiquemos em vida, temos que respeitar o inacabado. Bert Hellinger

Creio que muitos conheçam a história de Nan-in e o professor, mas para aqueles ainda não conhecem essa pérola, aí vai um resumo:

Um dia, um professor foi visitar Nan-in, um mestre zen. Ele estava intrigado com a influência que esse mestre exercia nos jovens e da forma como era admirado por sua sabedoria, sensatez, prudência e simplicidade.

Durante a conversa, o professor interrompia o mestre com frequência para falar de suas convicções, mostrando incapacidade de ouvir e aprender as sábias lições que o mestre Nan-in tentava passar através de sua experiência.

Percebendo essa inabilidade, o mestre ofereceu-lhe um chá e o serviu. E mesmo após a xícara estar cheia, o mestre continuou derramando o chá sobre a xícara. O professor não se conteve: “Por acaso, não percebeu que a xícara está completamente cheia e que já não cabe mais nenhuma gota?”

O mestre então, parou de derramar o chá sobre a xícara e disse calmamente:

“Assim como esta xícara, o senhor está cheio de certezas. Desta forma, como como poderei dar-lhe novas ideias e perspectivas? Você não tem espaço! Se você realmente busca ter conhecimento constante, então tem que esvaziar a sua xícara”.

O perigo de já saber é o piloto automático. Ao passo que as dúvidas cessam as motivações de outrora são esquecidas e pouco a pouco repetimos comportamentos que não fazem sentido.

Deixamos o guarda roupa cheio de roupas velhas, novas nunca usadas e coisas que não nos servem mais. Nos apegamos a conclusões particulares que não têm nenhum sentido do ponto de vista racional. Esquecemos que a vida é histórica, esquecemos das origens das coisas. Formulamos respostas enquanto fingimos ouvir. Olhamos para as pessoas sem vê-las. Encaramos nossos problemas com os velhos óculos empoeirados.

Não estou dizendo que temos que nos colocar em xeque a todo momento. Não. Nós, definitivamente precisamos de alguma estabilidade estrutural para conseguir lidar com a própria existência e com a vida.

Estou dizendo que é preciso que aprendamos a “ter o pasmo essencial que tem uma criança”. Que para aprender, é preciso desaprender, e para ouvir, humildade.

Fazer terapia, mudar algo na relação, no comportamento, estudar, ler... ressignificar as coisas é preciso, mas não poderemos fazê-lo com as xícaras cheias!

 

História de Nan-in e o professor, adaptado de: https://www.japaoemfoco.com/esvazie-sua-xicara-filosofia-zen/


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