Bom, quando criança eu adorava assistir desenhos místicos e um deles é chamado de Padrinhos mágicos, que conta a história de uma criança que tinha duas fadas e que sempre realizavam os pedidos dele, porém, ele não tinha muita maturidade para pedir e muitas vezes caia em enrascadas e as fadas iam e consertavam.
Tinha também uma pessoa que ficava de babá sempre que os pais do garoto precisavam sair, e essa baba era brava e sempre de mau humor e que sempre brigava com o menino quando os pais não estavam em casa e na frente dos pais se fazia de boa pessoa e mesmo que a criança falava o que acontecia, os pais nunca acreditavam.
Uma análise sistêmica desse desenho, que podemos ver é a questão do abandono, de pessoas más que faziam coisas ruim com a criança mas ninguém a ouvia e, ainda brigavam com a criança e com isso a criança entrava em um mundo de imaginação (aqui tirando todas as crenças e tendo um olhar sitêmico sobre, se fosse abordar o espiritual eu traria uma outra abordagem também) para conseguir sair da realidade que ele vivia.
Eu era muito assim, uma criança de poucos amigos na vizinhança, sempre brincava sozinho, tinha muitos brinquedos mas o que eu mais gostava de brincar era no quintal da minha tia de cientista e de médico veterinário de animais silvestres (eu pegava pássaros para cuidar, eu pegava morcego, formigas, aranhas e afins, tudo para cuidar, e com isso eu tinha um laboratório enorme), e ali eu sempre "conversava sozinho" e entrava em um mundo só meu, onde eu entendia e onde eu conseguia sobressair de toda a pressão social e familiar, fugia para esse laboratório como forma de conseguir me desligar de coisas que me forçavam a fazer e eu não gostava. Eu sempre ia para a casa dessa minha tia, após a aula, pois os meus pais sempre trabalhavam e me deixavam lá. Mas ali eu me sentia seguro e gostava bastante de estar lá, pois eu tinha o meu lugar de refúgio de tudo que eu passei ou passava na infância (a fulga do abusador, por exemplo).
Um conto de fada que eu gostava bastante era o conto de fada dos 3 porquinhos e o lobo mal, que eu acredito ser um clássico e que muitos conhecem.
Trazendo para uma abordagem sistêmica, consigo enxergar o despreparo que muitos de nós temos para as adversidades que aparecem em nossa vida e com isso construímos casas frágeis e que em qualquer assopro tudo vai abaixo e ficamos desprotegidos, porém, temos algumas análises sobre tudo isso: ou não nos conhecemos ao ponto de sempre construir coisas frágeis em nossa vida e sempre ter que "se mudar" e construir outro lugar- assim seguindo o sistema que pertencemos, de forma inconsciente- ou, mesmo sabendo dos riscos, nos conhecendo e sabendo de muitas questões, continuamos a pertencer o sistema tóxico familiar, muitas vezes por vitimismo, por terem pessoas que nos olha e nos amparará em qualquer lugar e momento de nossa vida.
Isso é, o comodismo, o vitimismo e o não querer se fortalecer, o que acontece bastante.
Ou, simplesmente não conseguimos sair do sistema de looping familiar de coisas negativas por não termos força para isso.
Contudo, hoje temos uma era de tecnologia e de muitos conhecimentos (sim, sei que, infelizmente, ainda há muitos que não tem acesso sobre certas questões, mas temos que ter fé que cada vez mais conseguiremos levar esses conhecimentos e muita cura para todos), e com isso, conseguimos buscar muitas coisas que nos ajudará a sobressair de tudo isso, mas com uma condição: eu tenho que querer, tenho que dar o primeiro passo, ser menos orgulhoso, ter mais humildade, para conseguirmos ter um melhor resultado em tudo que fizermos para nos curar de tudo e mais um pouco.
Com isso, eu vejo que muitas pessoas de meu sistema passaram por situações semelhantes aos dois fatos que aqui eu trouxe, onde tiveram muitas dificuldades para chegarem onde estão; pessoas querendo passar a perna nos outros por conta de dinheiro; muita ganância; parte da família mais rica, parte bem mais pobre e assim vai.
Vejo que foi, e ainda é, muita construção e desconstrução de coisas sem fundamentos sólidos de sustentação, mas sei que muitos de minha geração passada e atual estão em busca dessa cura sistêmica familiar, e isso me deixa mais feliz e fortalecido para continuar nessa lida diária.