Por várias vezes encontro pacientes que veem tristes conversar queixando-se de pessoas que poderiam ser ajudadas pelas intervenções da Constelação Sistêmica e não aceitam este atendimento por acreditarem ser “coisa” esotérica ou ter envolvimento com Espiritismo, ou ainda ser atividade contra o Cristianismo... Tenho consciência que estas pessoas dificilmente lerão este texto, no entanto quanto mais se esclarecer este aspecto desta terapia, outros mais poderão desfrutar da leveza e da paz, pois “conhecereis a verdade, e ela vos libertará” J.C. – João 8:32.
Constelação Sistêmica é uma ciência criada por Bert Hellinger, alemão, nascido em 16 de dezembro de 1925. Frequentou o seminário para meninos e com 17 anos foi recrutado como soldado em 1943, em 1944 foi prisioneiro de guerra. Um ano depois ele conseguiu escapar e voltar à Alemanha. Depois de um ano e meio de adaptação e estudos foi aceito no Seminário de Marianhiller Pius para padres e começou a estudar Teologia na Universidade de Würzburg. Cinco anos depois foi ordenado como padre e foi para Durban, África do Sul, onde se formou como professor de ensino superior, deu aulas para seminaristas e se tornou Diretor desta escola. Em 1958 foi transferido para uma Estação Missionária e atuou com missionário e Sacerdote. Aprendeu a língua zulu e traduziu algumas canções e textos para a língua deles. Recebeu a cidadania Sul-Africana por tanta dedicação.
Este homem com esta formação fortemente cristã, não poderia criar uma Terapia que fosse contra a doutrina que embasou toda a sua vida. Este é o primeiro ponto a se considerar. Não conseguimos ir contra a nossa essência, estudando sua obra poderemos observar e sentir que é totalmente embasada no Cristianismo.
Em 1972 Bert começou o trabalho com terapia de grupo, após vários estudos na área da psicologia, psiquiatra, PNL (Programação Neurolinguística), psicanálise, dinâmicas de grupo e em 1974 foi estudar Terapia Primal nos Estados Unidos. Depois disso foi estudar Terapia Gestalt e Análise de Script, Terapia Transacional e também estudou a teoria de Milton Erickson e Análise Bio-Energética. Conheceu então em 1990 em um Congresso de Psicologia Thea Shönfelder, psiquiatra de Hamburgo que lhe apresentou sua mais recente abordagem com jovens com doenças mentais no Hospital Psiquiátrico, utilizando Constelação Familiar. Inspirado nesta forma de terapia, Bert Hellinger dedicou sua vida a pesquisar e se aprofundar neste tema. Em 1992 começou atender em pequenos grupos de Constelação Familiar e aos poucos aceitou atender em vários países da Europa.
Bert Hellinger descobriu e formulou simples Leis da vida, ele as chamou “Leis do Amor” e “Leis da Ajuda”. Nos trouxe ao conhecimento a existência de uma herança “trans geracional” e nosso “campo” (campo morfo genético) que nos liga uns aos outros, queiramos ou não, ele atua sobre nós. Em 2005 surgia a Hellinger Ciências, que veio atingir todas as áreas do conhecimento.
Depois de todas estas considerações fica claro que não podemos considerar a Constelação como uma “crença”, mas resultado de muito estudo, reflexões e meditações.
O que Hellinger denomina em sua obra de herança “trans geracional”, refere se a carga de herança genética que trazemos de nossos antepassados em nossos genes. Essa força atua em nós como uma forma de sobrevivência instintiva dos seres vivos. Porém, estas lembranças muitas vezes nos trazem bloqueios neste momento de vida de cada um de nós. Neste aspecto existe grande confusão com a Doutrina Espírita, pois se confunde com Reencarnação. Vamos então deixar mais didático!
Lembranças Transgeracionais - São cargas emocionais e físicas que trazemos das gerações que nos antecederam. Exemplo: cor dos olhos do avô, redemoinho no cabelo igual da bisavó, dedinho do pé torto como da mamãe, mas também o jeito de andar do vovô, a forma de lidar com o dinheiro que a gerações permanece a mesma. Ou seja, as lembranças são genéticas, de geração para geração.
Lembranças de Reencarnação Passada - São lembranças emocionais que nosso espírito traz de vidas passadas vividas por ele mesmo, segundo a definição de Allan Kardec, codificador da Doutrina Espírita. Lembranças essas que não são dos nossos antepassados e sim do nosso próprio espírito, que nos traz memórias muitas vezes inexplicáveis e sem coerência se considerarmos uma só existência. Exemplo: Crianças de 3 anos que falam vários idiomas que os pais não conhecem ou pessoas que tocam instrumentos musicais muito jovens sem nunca terem estudado.
Realmente é importante sempre respeitar a opinião de todos, porém muito mais coerente e gentil é nos informarmos sobre os conceitos, teorias das propostas apresentadas a nós, sejam religiosas, terapêuticas ou de qualquer área do conhecimento, para não passarmos por analfabetos funcionais na área de relacionamento social.
Sobre o que mais precisamos perguntar para conhecer melhor??
Vamos marcar um “café com duas mãos?”