Eu acredito em homens sagrados e em toda a divindade que eles têm.
Rishima ao Sagrado Masculino
Como você se lembra do seu pai na sua infância? Na adolescência? Como é sua relação com ele hoje?
Assistindo ao evento Pai 2020 do PdH (cujas palestras disponíveis no youtube), a fala de Gary Baker, palestrante do primeiro dia, me impactaram bastante: Em nenhum país no mundo existem políticas públicas que sinalizam para a ideia de que homens são capazes de cuidar igualmente dos filhos e participar das demandas domésticas.
Uau! Isso significa que nós não acreditamos que os homens são capazes de cuidar.
Não confiamos que podem tomar conta dos seus filhos e outras crianças sozinhos; quer dizer, sem uma mulher por perto. Isso é muito sério! Porque crenças quando se formam, e isso acontece inconscientemente, sem que percebamos, tornam-se verdades absolutas. É preciso grande força de vontade e uma dedicação digna de pesquisador para investigá-la e reescrevê-la de maneira mais ecológica e positiva para nós. Ou seja, é um processo bem difícil de realizar sozinho, principalmente se temos uma postura de detentores da Verdade.
Pensando agora sobre como todos nós deslegitimamos as “características femininas” nos homens, percebo que a questão do machismo não se resolverá somente por lutas feministas por mais igualdade, mas por uma transformação profunda em cada um de nós, das crenças que ainda carregamos sobre o que significa ser homem e o que significa ser mulher.
Quando eu era criança, minha mãe, muito ferida com o masculino, invalidava meu pai frequentemente. Através da ótica dela, eu aprendi que não se devia nunca depender de homens, pois não eram capazes de ser cuidadosos, caprichosos, delicados, amorosos e atenciosos.
Confesso que tem sido um longo caminho de lá até aqui para que eu me livre desses mitos e reforce, com exemplos e experiência, que ela estava enganada.
Hoje, quando o vejo na cozinha preparando algum alimento… quando lembro do meu irmão trocando fraldas, quando olho para meu sobrinho super animado ajudando na sobremesa de domingo, e vejo vários movimentos de pais e homens que já entenderam que seus “privilégios”, não suprem o que perdem através das suas obrigações machistas, eu percebo que minhas crenças me cegaram por muito tempo.
Acho mesmo, que está na hora de não permitirmos mais que nos mantenham, homens e mulheres, tão divididos e desencontrados.
Cuidar não é um substantivo feminino, é um verbo.