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Culpa e responsabilidade. Você sabe a diferença?

Culpa e responsabilidade. Você sabe a diferença?
Simone Belkis
nov. 4 - 5 min de leitura
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Um dos mecanismos de defesa mais comuns dos seres humanos é culpar. Pode ser jogando a culpa no outro, ou culpando a si mesmo. Isso causa uma dor imensa, não é verdade? Mas, então por que preferimos culpar ao invés de nos responsabilizarmos?

Vamos entender? Deixando claro que esse é apenas o meu ponto de vista, uma vez que minha proposta aqui é falar apenas dos meus aprendizados pessoais.

Vamos começar pelas definições do dicionário:

Culpa é "Responsabilidade por uma ação que ocasiona dano ou prejuízo a outra pessoa". (Site: Dicio - Dicionário online de Português).

É interessante perceber que, para explicar o significado de culpa, o dicionário usa a palavra responsabilidade. Talvez isso explique porque as pessoas confundem tanto esses dois conceitos.

O mesmo dicionário define responsabilidade como: "Dever de se responsabilizar pelo próprio comportamento ou pelas ações de outrem; obrigação".

Assim, fica difícil, né???? Hehe.

A psicologia define culpa como: "emoção penosa resultante de um conflito". E outra definição para responsabilidade (e é nessa que eu acredito) é que ser responsável é ter a habilidade de responder (de preferência sem obrigação) seja pelo que for que se apresente ou pelas escolhas que façamos.

Abro aqui um outro parêntese para definir a diferença entre obrigação e dever, dois conceitos que aparecem na mesma frase acima como sendo sinônimos. Para mim, não são. Eu entendo obrigação como algo que faremos para cumprir ordens, protocolos, e que, geralmente, fazemos apenas porque é absolutamente necessário ou porque acreditamos que assim seja. O dever é diferente, também muitas vezes o faremos a contragosto, porém essa ação nos leva a cumprir com um senso de valor, algo que nos faria sentir ainda pior se não o fizéssemos.

Tá bom, mas vamos entender o que quero dizer com tudo isso?

Primeiro, existe um peso tremendo colocado nos conceitos de culpa e responsabilidade. A nossa própria cultura, haja vista a definição do dicionário, reforça muito o peso de se sentir em conflito e de ter a exigida habilidade em responder.

Quando sentimos culpa, o fazemos por algo que vai contra um desejo ou necessidade nossa. Ou seja, é algo que vem do nosso interior e quase sempre do nosso inconsciente. Ela surge de algo já feito ou da projeção do que causaria algo que pode vir a ser feito.

A responsabilidade virá sempre depois de algo ocorrido ou da projeção do efeito que o ocorrido pode causar. A grande questão aqui é perceber que só podemos assumir a ação que realizaremos em relação ao que nos acontece. E em geral, temos o hábito de nos culpar por coisas que estão fora do nosso controle ou daquilo que acreditamos que temos a obrigação (e nem sempre o dever) de realizar. Ou seja, se nos concentrarmos em adquirir habilidades suficientes para responder ao que a vida nos oferece (ou joga na nossa cara), não precisaremos lançar mão da culpa como solução. Tipo errei e agora pago o preço. Não estou dizendo que não devamos assumir o preço pelas escolhas que fazemos, mas não é preciso lançar mão da culpa para pagar o preço.

Mas, para que tudo isso fique mais claro é preciso que entendamos que a culpa é uma manifestação do Ego. Aquele carinha que está em nosso interior nos cobrando perfeição o tempo todo ou dizendo o quanto somos indignos. Fica fácil se sentir culpado quando nosso Ego nos controla, porque ele só quer que atendamos seus próprios interesses. Simples assim. E bom seria se assim fosse, mas não é.

Vivemos dentro de um sistema muito maior, onde somos peças (importantes) que precisam cumprir papéis até certo ponto preestabelecidos, alguns (nem todos) chamariam isso de Destino. O fato é que tenha lá o nome que tiver, algumas coisas na nossa vida já são pré-determinadas, correto? Sim ou não?

Então, como podemos ser culpados por escolhas que não são nossas (pelo menos a nível consciente)? Quem escolheria em sã consciência perder um filho ou ter uma doença, por exemplo? Estou usando exemplos mais fortes, mas independente do tema, a culpa sempre dói. E embora não nos seja sempre possível evitar o pior, assumir nosso papel dentro do contexto sem culpa, mas com responsabilidade, já ajuda bastante.

Mas, no início da conversa eu perguntei: Se a culpa dói, por que preferimos assumi-la ao invés de nos responsabilizarmos pelas ações que nos correspondem no caso? Porque, apesar da culpa ser dolorosa, ela implica em zona de conforto e inação. Já a responsabilidade pede ação, exige na verdade.

Então, esse é o ponto. Ainda que dolorosa a culpa, em geral, coloca-nos em uma zona conhecida, mesmo que desconfortável. Enquanto que a responsabilidade pede que olhemos não apenas para dentro de nós mesmos, mas que também assumamos a nossa cota dentro do contexto. E por incrível que pareça, muitos de nós ainda preferimos a desonra da culpa à dignidade de ser responsável.


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