Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
VOLTAR

CUMPRINDO TAREFAS

CUMPRINDO TAREFAS
Neiva Maria de Mattos
jan. 4 - 8 min de leitura
080

Formação Real em Constelações sistêmicas: este é um caminho sem volta, ou com muitas voltas, dependendo do que cada pessoa entende por volta.

Iniciar um processo de aprendizado nesse assunto, com essa metodologia e com essa professora é um tanto perigoso, pois a cada módulo, a cada aula, o estudante é levado a querer aprender mais e mais.

Para isso, muitas vezes, se faz necessário voltar ao conteúdo anterior, à leitura anterior e, principalmente, a sua vida, para a sua história, para o seu sistema, pois o primeiro sujeito do estudo é o próprio aprendiz.

E aqui estou, no módulo 7, buscando compreender o incompreensível e clarear o que são as noites escuras, pois só assim será possível lidar com esses sofrimentos que carimbam na alma do ser humano os registros que se manifestarão, mais cedo ou mais tarde, em forma de sintomas.

Mas o bom é saber que “todo sintoma tem cura”. Não importa se é dislexia, autismo ou gagueira, ou até mesmo esquizofrenia ou psicose. São maneiras diferenciadas de perceber a realidade.

Necessitamos perceber onde, quando e para quem isso foi verdade, e olhar para isso com empatia. Lembrando que nem tudo depende só do nosso empenho.

Grande parte depende do que fizeram nossos antepassados. Nesse caso, nossos filhos e nossos netos terão suas vidas influenciadas pelo que nós fazemos.

Nesse sentido, podemos afirmar que nossa vida é consequência, mas o que fazemos com a vida que recebemos, isso sim depende de nós.

Lembrei-me do Santo Educador, Dom Bosco, que certa vez disse aos seus jovens: “a vida é um presente que recebemos de Deus, e o que fazemos com ela é o presente que oferecemos a Deus”. 

Por isso podemos considerar os sintomas e sofrimentos, como oportunidades de lapidarmos melhor esse presente.

Isso não significa querer ou gostar de sofrer, mas sim, lidar com as noites escuras da alma, como o que ela realmente é, segundo São João da Cruz, o bem que limpa e purifica a alma, pois “Deus põe na noite escura aqueles que quer purificar das imperfeições, e levar adiante”. 

Talvez, pudéssemos dizer que esses estão à serviço do sistema, para completar algo, para que a vida possa ser tomada e levada adiante.

Pois é o próprio Bert Hellinger, o criador das constelações familiares, que afirma: “toda a noite escura carrega em si a luz divina”.

Imaginemos uma pessoa que sofre de bipolaridade. Segundo Olinda Guedes, esse sintoma é a identificação com memória do perpetrador e da vítima.

E isso foi verdade em algum momento do seu Sistema, mas não é verdade agora. E se olharmos a dislexia, o autismo, a gagueira?

Vamos perceber que são maneiras diferenciadas de perceber a realidade. Em todos os casos, a luz divina dentro da “noite escura” é a caridade, é a compaixão, é a empatia.

Este estudo exige do aprendiz de terapeuta uma mudança de olhar para com as dores da humanidade, é como olhar o avesso de uma peça, porque o lado direito parece bonito, perfeito, mas quando olhamos as noites escuras, percebemos que a humanidade não é tão perfeita, ela tem desertos, “a vida não é fácil pra ninguém”, mas podemos cantar com o nosso querido Gonzaguinha:

“É o sopro do criador numa atitude repleta de amor... é sofrimento? Ela é alegria ou lamento?” Você pode dizer que é luta e prazer, mas para a maioria, a vida passa muito rápido. Daí a necessidade de refazermos as nossas decisões, sair da ignorância, buscarmos conhecimento suficiente para podermos dizer, “agora eu sei, agora eu vejo”.

E por falar em vida, de onde nos vem esse “divino mistério profundo”?

Segundo o que aprendemos na aula 5 deste módulo, a sexualidade é a força da vida, o portal da vida. Por meio dos hormônios ela passa a vida adiante.

Ela é o empoderamento da vida. Se não fosse assim, a pessoa não teria forças para cuidar, prover, passar noites em claros para cuidar de um filho.

Nós sabemos, os bebês humanos necessitam de muito cuidado, afeto, carinho e atenção para crescerem saudáveis e felizes.

Mas como toda peça, essa também tem o avesso, e podemos afirmar que sexo é um dos grandes temas da “noite escura”. Há uma grande quantidade de pessoas que sofrem com disfunções sexuais.

Por exemplo, é muito adoecedor a pessoa passar pela vida vendo sexo em tudo ou não vendo graça, alegria e prazer em nada.

São opostos que levam a noite escura... Essas e outras situações e acontecimentos que mostram que houve um vínculo de amor interrompido e que traz sofrimento, nos faz afirmar, “se é sofrimento, tem cura”.

E para finalizar este módulo e seguirmos rumo ao próximo, que vai nos falar sobre as ordens da ajuda, precisamos compreender um pouco o pensamento de Bert Hellinger trabalhado pela Mestra Olinda Guedes, com o título de a boa e a má culpa.

Má culpa é aquela culpa de quando a gente diz: Ah, que triste! Que difícil, alguém tendo esse sofrimento por minha culpa! E se sente mal, aborrecida.

É aquela culpa que não leva a lugar nenhum, ou nos leva a dizer, eu “não tenho responsabilidade sobre isso”.

Ela não nos torna lúcidos e sensatos, capaz de dizer: “Grato por você estar carregando isso por mim”.

A boa culpa é o aspecto da nossa vida emocional que nos faz olhar para o outro com gratidão, pois enquanto o outro carrega, de maneira inconsciente, eu estou livre para viver a minha vida. E agradecer. Pois se não fosse ela, talvez fosse eu.

Essa boa culpa faz com que eu tenha humildade, discernimento, que faz com que eu consiga tornar a vida dessa pessoa um pouco mais leve. Eu não condeno o integrante do meu sistema que carregou uma noite escura em sua alma, por vezes, até sobrecarregamos essa pessoa com exigências e opressões.

O sistema, muitas vezes, tentou esconder e não tratou essas pessoas do modo que elas precisam ser tratadas. Isso não é superproteção, eu estou falando de respeito por aquilo que faz essa pessoa ser feliz.

A boa culpa nos leva, nos conduz a criar uma condição, um contexto de gratidão por essa pessoa, procurando facilitar para que a vida não seja mais difícil do que já é.

Fico pensando nas pessoas do meu sistema que vivem uma interminável noite escura e imagino que enquanto eu tenho tantas lâmpadas acesas e coloridas que clareiam e enfeitam a minha vida, outras pessoas talvez tenham um único palito de fósforo, prestes a se apagar e eu que não posso fazer quase nada, não sendo possível dividir com elas a luz das lâmpadas.

Mas quem sabe eu possa ser uma vela, que ao aproximar daquela minúscula chama de um fósforo, poderá aumentar a claridade.

Eu sei que a vela não é duradoura, ela vai se consumir, mas quem sabe a lembrança, a memória dessa vela acesa, traga a eternidade da luminosidade para essa noite tão escura. Isso é empatia, isso é amor, é respeito isso, é a boa culpa.

Gratidão por tudo e para todos!

 

 


Denunciar publicação
    080

    Indicados para você


    Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica

    Verifique as políticas de Privacidade e Termos de uso

    A Squid é uma empresa LWSA.
    Todos os direitos reservados.