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CURA É FAXINA INTERIOR

CURA É FAXINA INTERIOR
Simone Belkis
fev. 15 - 4 min de leitura
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Eu iniciei um processo terapêutico há muitos anos e quando comecei, não sabia exatamente o que estava buscando. Tinha apenas a certeza de que algo estava "errado" comigo.

Foram 3 décadas (não se assuste, hehe) procurando respostas. Passei por vários processos, de tipos e estilos completamente diferentes e até opostos. Ouvi muitas coisas, recebi muitos diagnósticos. Fiz terapias verbais, corporais, espirituais e etc e tais

Nesse período eu estava buscando me ajustar ao mundo externo, já que sempre tive um comportamento um tanto quanto marginal (no bom sentido). Eu não conseguia me adaptar ao mundo adulto, ao mercado de trabalho, ao pensamento coletivo. Eu até tentei. Esse, para dizer a verdade, foi o período mais longo do processo, eu queria e precisava me "encaixar", pois tudo o que esperava era me sentir aceita.

Não deu muito certo porque eu mais tentava fazer o mundo me engolir do que eu propriamente engoli-lo.

Deu ruim!

Então, quando finalmente tive o diagnóstico "justo e correto", comecei a busca pela cura. Sim, cura de uma doença. Em um primeiro momento senti um "estranho" gosto de vitória, porque afinal é meio esquisito você se sentir vitoriosa porque descobriu que é ou está doente. Digo doença do ponto de vista técnico, tenho um transtorno que consta no  CID 10 (Classificação Internacional de Doenças). 

Algumas pessoas podem achar que essa é uma ideia vitimista porque doença não existe. Concordo, mas só agora eu concordo. Eu precisei primeiro assumir a ideia da doença para poder entender e até justificar comportamentos e construir minha própria compreensão de quem eu era. Eu admito, ter um transtorno que lhe torna um ser esquisito diante do mundo não é uma coisa simples de se lidar. Você é classificado de tudo, menos de doente, porque como ninguém lhe vê de cama,  fica difícil encontrar empatia.

Esse foi um processo bem mais curto, passei por ele nos últimos 3 anos. Eu acredito estar, agora, entrando em um novo processo, onde entendo que não existe doença, não existe diagnóstico e não existem problemas reais. Só existe faxina. Isso mesmo, faxina, dessas que você põe a casa toda abaixo, vasculha cada cantinho e não perdoa nada, joga tudo simplesmente no lixo! Essa mesma.

Porque ao final, dei-me conta que é isso que tenho feito. A cada processo, cada terapia, cada floral, cada sessão hipnótica (a lista é longa), eu estava apenas limpando um cantinho úmido e escuro do ser que sou, que embora parecesse fragmentado, ainda sim era uma coisa só, eu.

Mas, essa percepção não nasceu pronta, ela também precisou ser lavada, enxaguada e torcida para que eu pudesse perceber que bastava ir limpando tudo, sem necessidade de classificações.

Mas... espere um pouco, não estou dizendo que fazer essa limpeza não exija todo um processo e todas as terapias, meditações e outras coisas possíveis, porque precisa. Afinal, a gente vai usar vassoura, balde, panos limpos, água e muita, mais muita, disposição para fazer essa faxina.

O que quero dizer é que terminei por perceber, e isso acontece porque a limpeza eleva o nosso nível de autoconsciência, que eu não precisava mais dar energia às histórias (ou fatos), não era mais necessário repisar o sofrimento, apenas encarar a dor (e aceitando, porque dói menos, né?). 

É claro que nós teremos, cada um,  nossos próprios processos, mesmo que sigamos caminhos semelhantes. E, também, precisamos ter em mente que por cada caminho ser único, precisamos sim achar o rumo justo e certo (seja ele qual for), e nisso o autocohecimento ajuda pacas.

Eu tenho percebido que as questões internas vão se organizando por si mesmas a medida que deixamos de tentar controlar a dor, quando largamos o sofrimento. Já não me importo mais com as histórias que meu subconsciente precisou criar para justificar X ou Y, apenas me fortaleço e encaro a dor.

É um processo onde nossa visão (consciência) vai ficando clara, é onde começamos a perceber os cantos escuros e podemos, apenas colocando luz, com coragem e determinação, fazer uma faxina terapêutica na vida. Bora limpar?!


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