Na minha jornada de terapeuta, tenho encontrado pessoas com diversas crenças. Uma delas é que Constelação é Fast-food ou miojo, 3 minutos e zap! Está pronto! Curado!
Eu acredito sim na ferramenta como instrumento de cura e de possibilidade de abrir novos horizontes em direção a isso.
O autoconhecimento me ajudou muito e tem me ajudado. Eu cheguei ao ofício de terapeuta por uma ocasionalidade do destino. A Constelação me foi apresentada porque um dia fui buscar ajuda por questões pessoais. Eis que tempos depois me senti tão beneficiada que não parei nunca mais de ir aos encontros, aos módulos e isso foi se tornando parte de mim, parte da minha postura de vida.
Continuo a cada encontro me curando um pouquinho aqui e ali. Após três anos frequentando a formação em Constelações, que oficialmente tem duração de 11 meses, mas eu refiz e refaço a formação todo ano. Já estou na sexta, sou a aluna mais orgulhosa do mundo em dizer que sou repetente!
Então no terceiro ano, começaram chegar pessoas conhecidas que compartilhavam situações, questões pessoais, então eu percebia a potência da ferramenta que eu tinha nas mãos. Algo que havia sido entregue a mim, de maneira tão preciosa. Como continuar sendo a mesma pessoa após conhecer algo que transforma tanto? Como continuar ouvindo histórias sem intervir de maneira que beneficiaria tantas outras pessoas? Pois bem, mas o que importa aqui não é a minha jornada para chegar até aqui.
Sou uma recém formada, só repeti a formação 6 vezes, tenho tanto, tanto a aprender. O que importa aqui é o ponto que eu falava de jornada de cura.
Não foi em um dia ou dois que eu me sentia um pouco mais reconciliada com meus pais, com minhas histórias de sofrimento, de angústias. Não foi um nem dois módulos de "Noite Escura da Alma" que eu estava nas minhas noites escuras, me questionando: Quando será que eu estarei no módulo de "Noite Escura da Alma" sem estar passando por ela? Ali aprendi que teremos várias noites escuras da alma, vários desertos, várias depressões, esquizofrenias, mas também teremos bem aventurança, períodos de vaca gorda, períodos que nos sentimos apaixonados e de bem com a vida e com todos a nossa volta.
Por isso, decidi escrever esse relato, para que aqueles que buscam sua cura interior continue buscando, sem cessar, ela virá aos poucos.
Penso também que nós terapeutas, às vezes somos pretensiosos achando que a cura está nas nossas mãos e que somos tão bons que em uma única sessão o cliente estará curado! Sim, penso que esse deve ser o desejo de todos os bons terapeutas, mas também devemos ter humildade de caminharmos com as sandálias dos nossos clientes e sabermos que cura é jornada, que assim como nós também passamos por situações que às vezes não será com uma sessão que aquilo se resolverá.
Existem traumas que nos acompanham ao longo da vida, pessoas com 54 anos que descobrem serem adotivos nessa altura da vida. Será mesmo que essa pessoa é obrigada a se sentir curada com uma sessão de Constelação?
Então, devemos andar lado a lado com nosso amado cliente, sabendo que pode sim curar em uma sessão, mas que também pode não curar em uma sessão e tudo bem também! O importante é alguém para pegar na nossa mão na hora da angústia, desespero, medo. Ainda que seja enviando uma mensagem de whatsApp perguntando: Como vai? Como está se sentindo?
Portanto, não pensemos que Constelação é miojo ou Fast-food, constelação é jornada, é trajetória, caminhada. É ir limpando, é ir construindo uma nova postura de vida no tempo verbal do gerúndio.
Milena Patrícia da Silva