Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
VOLTAR

DEIXA PRA LÁ

DEIXA PRA LÁ
Clesley Maria Tavares do Nascimento
mar. 8 - 3 min de leitura
010

Me intriga a localização deste “lá”, onde ele fica? O quanto comporta de tantas coisas e causos a ele destinado? Me lembra o “joga fora no lixo”, que na realidade nada mais é do que tirar da nossa vista o que nos incomoda, já que o lixo permanece no planeta. De modo que é possível reciclar, reaproveitar e ressignificar, mas jogar fora!?

Apesar de se tratar de um dito popular, passado de geração para geração, por ser considerada uma expressão sábia, observei durante minha trajetória de vida que o deixa para lá foi dito com mais frequência para as mulheres da minha família do que para os homens, não sei se isso aconteceu ou acontece com vocês.

Somos frequentemente aconselhadas a deixar para lá, por um bem maior, uma convivência melhor, para sermos aceitas pelos outros, para não sermos mal interpretadas, taxadas de inflexíveis. E assim seguimos engolindo choros, silenciando opiniões, negando sentimentos.

Vamos sendo silenciadas em doses homeopáticas, um fala mais baixo aqui, um seja meiga ou um tenha “jeito de moça” acolá. Afinal ninguém quer uma mulher que fala alto, pois pode parecer desequilibrada, surtada ou histérica. Paradoxalmente, buscando demonstrar esse pseudo equilíbrio, adoecemos e ao invés de homeopatia somos medicadas com tarjas pretas. Sei que as vezes esses medicamentos são necessários, mas também sei que não é sempre.

Não somos lineares, ninguém é, temos uma sobrecarga de atividades cotidianas que oprimem. Então, é necessário falar sobre isso, verbalizar a angústia enrustida apesar da incompreensão à espreita. Pois como bem falou Brecht “do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.”

Gostaria que me dissessem onde fica esse lá, para que eu possa ir resgatar a lágrima reprimida, a palavra não dita, a emoção não permitida. Tem dias que sinto que esse lá é bem aqui dentro de mim...

É uma certeza sinalizada na garganta apertada, sensação de acuada, de que vou explodir  no medo de perder o controle, de atravessar a linha tênue que separa a sanidade da loucura.

Consigo até compreender o deixar por menos, pois algumas situações carecem ser suavizadas para que não nos acorrentemos a elas, e possamos seguir em frente, talvez.

Mas o deixar pra lá!? No momento não quero mais, até saber onde ele fica. Vocês podem me dizer?


Denunciar publicação
    010

    Indicados para você


    Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica

    Verifique as políticas de Privacidade e Termos de uso

    A Squid é uma empresa LWSA.
    Todos os direitos reservados.