Entrar na jornada de autoconhecimento, de cura interior, de aprendizado dos saberes sistêmicos não é fácil. Tem seus sabores e dissabores.
Estou na fase do dissabor e por um instante, na verdade por três semanas, desisti de mim, pensei em abandonar tudo isso que estamos vivendo e quase se concretizou...
Ah esse quase! Sempre nos persegue, sempre a espreita. Sempre nossa desculpa. Quase deu certo isso, quase consegui aquilo, quase, quase.
E sim, por mais que estamos numa comunidade unida, em busca de um propósito em comum, passamos por noites escuras da alma e por mais apoio que tenhamos, parece que não vemos nem enxergamos nada a nossa volta.
É um processo de dor, de raiva, revolta, tristeza, apatia, melancolia, agressividade... Diversos sentimentos e emoções surgem e não sabemos o que fazer com tudo isso.
A criança interior ferida clama por colo, por amor, por cuidados. A ancestralidade que habita em mim também clama para ser honrada, para que seja cumprido tudo o que é preciso ser vivido, tudo que vim programada para viver. E o "eu" está aqui, perdido sem saber para onde olhar.
E em meio a tudo isso, todo esse mundo que vivemos interiormente, tem o mundo real, onde temos que ser mãe, filha, esposa, profissional, amiga, colega de trabalho e tudo tem que estar tudo bem. E não esta nada bem.
O quase me pegou. Dores emocionais transformaram-se em dores físicas, em vômitos, alergias e brotoejas pelo corpo, insônia, irritação, cansaço físico e mental, aumento de peso, frigidez e perca da libido, enxaqueca, hipotensão (pressão baixa) e por três semanas, nem o sorriso doce de minha bebe foi capaz de aplacar isso tudo e me fazer melhorar.
Uns podem pensar: Por que não pediu ajuda? Outros podem falar: Você não tem do que reclamar, tem saúde, tem emprego, tem vida... outros podem falar: De que adianta estudar tanto, de fazer tantos cursos, de ler tantos livros se não consegue ajudar a si mesmo e ainda quer ser terapeuta HAHAHA... e mais uma infinidade de perguntas que ao dar ouvidos a elas paralisa... E foi o que me aconteceu, paralisei.
Paralisei diante do grupo, dos estudos, das aulas, da família, do trabalho, da vida. Só queria ficar quieta, até que a dor sumisse por completo, mas ela não some. Se tornou uma esfinge pronta a me dizer "decifra-me ou te devoro..." Depois de ser devorada por três semanas, creio que é hora de decifrar.
E ao ouvir a aula hoje, do dia 29/09/2020, onde a mestra fala da depressão, realmente, identificar o depressivo que só chora, que está sempre triste e abatido é mais fácil, recebem mais estímulos para se cuidar, mais apoio. Agora aquele que está sempre na ativa, bravo, esbravejando com tudo e todos, correndo para dar conta das metas, correndo atrás da equipe, motivando e engajando as pessoas a serem melhores e produzirem mais, do bebê que chora e quer colo, do esposo e da família que requerem a atenção, da saúde sua e dos outros, das contas que não param de chegar, ah esse é mais difícil.
Se por um instante não conseguimos corresponder com as expectativas, somos taxados, cobrados e postos na parede: "faça isso ou será demitido" ou "como foi capaz de errar" ou ainda " como você não viu tal coisa" e por ai vai, o mundo corporativo te corroendo, os demais precisando de ti e você tendo que ser forte para tudo e todos.
E em meio a tudo isso você vai desistindo, deixando de lado e quase desisti...
Com alívio, mas em dor reconheço hoje que estou depressiva. Que venho de anos de depressão onde não identifiquei os sinais e acabei comprometendo minha saúde física e emocional. Estou depressiva, a gestação de risco e o parto difícil, bem como o puerpério traumático e o retorno ao mundo corporativo e agora contrair e sobreviver ao covid não ajudou também e o quadro depressivo aumentou.
Reconheci que estou depressiva, e agora o que fazer?
Bom, ainda não sei o próximo passo, hoje uso os florais de bach, voltei a assistir as aulas do curso de Constelação Sistêmica e Renascimento Sistêmico, a ler as mensagens do grupo, e passei a ignorar certas coisas do trabalho, ainda não posso ir pra terapia, mas é um começo.
Resolvi escrever para mim, para você que também possa estar passando pelo mesmo que eu. E só posso dizer: Não desista, não deixe o quase te dominar, peça ajuda. Recorra a ajuda.
Se você tem recursos, não meça esforços para ir de encontro a ajuda. Se você não tem no momento esses recursos, se movimente, faça algo para que o recurso chegue até você. Uma hora ele vem.
Levou 38 anos para os saberes sistêmicos entrar na minha vida, e creio que não vá demorar até as demais coisas acontecerem. Só não desista.
Então Carla, menina Carla, não desista. Então amigos/amigas/amigxs não desistam.
Não desistiremos de sermos felizes, prósperos, saudáveis e abundantes...
Gratidão mestra e equipe!
Gratidão ao grupo!
Gratidão meu Deus!