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DISCURSO DE ÓDIO: A VIOLÊNCIA DE UMA EXPRESSÃO LINGUÍSTICA

DISCURSO DE ÓDIO: A VIOLÊNCIA DE UMA EXPRESSÃO LINGUÍSTICA
Simone Belkis
mar. 8 - 5 min de leitura
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Eu nunca comentei aqui como escolho os temas que costumo abordar, mas acho que seria interessante fazê-lo, antes de falar sobre o título escolhido para esse momento, por ser um tema desagradável e polêmico. 

Eu tenho por hábito falar de assuntos variados e sempre mostrando meu ponto de vista pessoal e intransferível (quer dizer, estou disposta a pagar o preço de escrevê-los), mas preciso confessar que o feeling para escrever sobre esses temas me vem à cabeça de repente, e aí tenho que largar o que estou fazendo para atendê-lo. Acho que alguns chamariam isso de inspiração. Às vezes, começo a escrever sem nem saber o que vou dizer.

Mas, vamos à ele.

Eu estava, tranquilamente, passeando pelo Facebook e me deparei com um post que propunha uma reflexão a respeito de acontecimentos que estão bombando na TV sobre racismo. Em tese, eu nem deveria dar pitaco, porque não acompanho os tais acontecimentos, embora saiba que estão dando o que falar, e nem sei bem ao certo o que de fato está rolando. 

Mas, eis que me baixou a inspiração para falar não sobre o tema em si, mas sobre a expressão que dá título ao texto "inspirado" de hoje. 

Quando ouvi pela primeira vez a expressão discurso de ódio, eu fiquei um pouco chocada. Não por ingenuidade ou pudor, afinal estou "acostumada" com o mundo, assim como a grande maioria de nós. Mas, colocar as coisas em palavras pode terminar nos dando uma dimensão mais definida daquilo que absorvemos quase sem querer.

A expressão se popularizou, creio eu, porque vários temas que antes eram tabus para uma boa parte desavisada do mundo, acabaram por explodir nesses últimos tempos. Está se tornando cada vez mais urgente tratar de temas que costumam ser olhados por debaixo dos panos ou negligenciados por colocar foco em valores que dizem respeito a minorias. 

O interessante é que após ter lido o post, vi um comentário da própria pessoa que o colocou, dizendo que o retiraria, pois o Facebook estaria censurando alguns comentários por discurso de ódio.

Eu fico me perguntando o que essa cisão que explodiu no país por motivos políticos e pandêmicos fala sobre cada um de nós. Eu não gosto e não coloco no meu vocabulário a palavra ódio, mas não sou hipócrita a ponto de, ao me indignar com tantas coisas que tenho visto, não me deixar tomar pela raiva.

A raiva é santa e justa quando aplicada da forma correta. Essa emoção nada mais é que a forma que os seres vivos possuem para defender suas vidas, e até suas honras, dependendo do caso. A ira é santa, como nos provou Jesus quando desceu o "sarrafo" nos vendilhões. O ódio não, eu aprendi que o ódio é um derivado da raiva que estagnou, apodreceu por falta de ação, por falta de atitude e que é uma gosma energética que fica represada na alma e na mente daqueles que não conseguem lutar por si mesmos de forma justa e madura.

Então, a expressão discurso de ódio cabe muito bem nesse contexto, pois que a vida tem nos exigido atitude, mas ainda nos dá o livre-arbítrio* de escolher o que fazer diante do caos que criamos anos a fio.

O que poderemos esperar desses tempos em que as pessoas, depois de séculos, vendendo suas almas para não ter que assumir suas autorresponsabilidades, agora se arvoram do direito de destilar todo o ranço de sua inconsciência e covardia?

Sejamos sinceros, ainda que compassivos, estamos chafurdando em nossa imperfeição de seres mortais, esquecidos de sua origem.

Eu gostaria de ter respostas, mas nossa função aqui é fazer pensar, fazer refletir, torcer que o humano acorde dentro do ser bestial que nunca foi "domado" na história humana. É difícil demais não aplicar o castigo quando o ser só é capaz de aprender pela dor.

Mas, esse não é espaço e nem o modo com que devemos tratar o tema. É um convite para refletirmos sobre nossas próprias expressões linguísticas diante dos acontecimentos que nos têm atingido de forma direta ou não.

Quais são as nossas pequenas raivas, que contidas pela cultura social, têm se transformado na gosma odiosa e inspirado, não apenas nosso vocabulário, mas também nossas ações?

E o que podemos fazer pessoalmente para não fazer crescer ainda mais a "massa crítica" a ponto disso explodir?


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