Breve explicação com indicações para a prevenção, por FABIANO MOULIN - Neurologista, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia e especialista em neurologia da cognição e comportamento.
Transcrição do vídeo:
O Alzheimer é o tipo de demência mais comum que existe. Além disso, vivemos num país em que a OMS – Organização Mundial da Saúde estima que será o país com maior incidência e prevalência de Alzheimer.
Países em desenvolvimento serão os que suportarão o maior número de pessoas com a doença. Em países hoje desenvolvidos, como a Escandinávia e o Japão, esse número cai e cai por quê?
O que que esses dados ensinam para gente é que a Doença de Alzheimer não é uma doença de um cérebro, não é doença de um indivíduo, mas é doença de uma sociedade, por um motivo muito simples: Nem todas as causas do Alzheimer são genéticas. pelo contrário. estima-se que:
50% dos pacientes que hoje têm Alzheimer, poderiam não ter se tivessem feito na vida algo diferente do que fizeram.
Isso não envolve somente o indivíduo, envolve também uma política de saúde de educação e várias outras perspectivas de vida. Portanto, ao vir um paciente com Alzheimer, saiba que nesse paciente existe o determinismo genético, mas existe também um país que provavelmente deu pouco a essa pessoa.
Exemplos:
- Só em aprender uma segunda língua, você retarda o aparecimento da doença em cinco anos;
- Só de eu fazer atividade física regular, três vezes por semana, eu reduzo em 50% a chance de ter Alzheimer;
- Só de evitar comer o tipo de comida mais consumida no Brasil hoje, que é carboidrato simples - batata, arroz, bolacha - eu posso reduzir em mais de 30%.
E, se eu sigo por exemplo, a dieta mais estudada para a prevenção, que é dieta mediterrânea, eu consigo redução ainda maior.
Controlar obesidade, hipertensão, dislipidemia, é também essencial.
O que acontece na Doença de Alzheimer, portanto, é a mescla de um indivíduo e uma sociedade e, portanto, toda a pessoa tem em si a possibilidade da prevenção ou de, pelo menos, mudar os fatores modificáveis que estão no dia a dia:
- o prato que se escolhe para comer,
- o tipo de atividade intelectual que se deixa de fazer ou que se faz,
- em que eu presto atenção - já que a atenção é a maneira como nosso cérebro se constrói e, principalmente,
- no cuidado da saúde, no cuidado do corpo.
A ilusão de que o cérebro faz parte de outra dimensão que não do corpo, é um dos maiores erros no entendimento, no tratamento e na prevenção.
Quem tem a possibilidade de, em 30 - 40 anos, ter ou não ter Alzheimer, cabe, em parte, a cada indivíduo e, principalmente, ao governo, estimular o tipo de saúde adequada, a educação adequada e uma compreensão adequada do que é envelhecimento e do que é cidadania.
VAMOS LUTAR PELO NOSSO CÉREBRO, JÁ QUE A MÁQUINA MAIS FANTÁSTICA QUE EXISTE!