Estou buscando palavras para o oito de março. Para o hoje.
Não, não tenho agora.
Já as tive. Talvez por ser mulher, terapeuta, mãe e pessoa.
Por aí vai.
Gostaria de continuar sendo a pessoa romântica que sou. Ternura talvez seja a palavra apropriada. Não, não. Seria romântica, mesmo. Gosto de flores, corações, rosas, dálias e gosto de me vestir de azul.
Puxei totalmente meu avô, que tinha uma alma totalmente feminina. Amava minha vovó Luiza e talvez, não fosse o livramento do destino, seria mal interpretado e tratado de forma pejorativa.
Eu não gosto dessa parte do mundo que vivemos. Tenho o direito de não gostar e tenho o dever comigo e para quem em mim confia, de me expressar.
Por que mulheres têm que ser desrespeitadas?
Eu olhava quieta essas notícias. Porque na roça, onde vivíamos, em minha família especificamente, eu não percebia isso.
As nossas diferenças, eu penso que eram mais uma questão de ignorância, porque nosso papai sempre nos ensinou direitos iguais. Claro que podíamos todos repousar e devíamos nos tratar, fosse o que fosse, cólica menstrual ou joelho ralado. Tudo dentro de suas devidas proporções.
Eu poderia escrever quinhentas coisas. Escrever sobre cinquenta e um oito de marços. Porque afinal hoje é a quinquagésima primeira vez que passo ele ou ele passa por mim.
Em 2017 decidi construir uma casa. Deus me livre, preferi ser homem incontáveis vezes. Invejei ser homem, ter voz grossa, peito aprumado, barba na cara, fio do bigode.
Contrato, papel? Está aqui em minha mesa... um elevador que paguei cinquenta mil e até hoje é só um escombro.
O mundo masculino, ao saber isso diz: - Mas, por que você pagou tudo sem que o cara tivesse entregue?
Então, tenho filhos e vou e volto. As crianças são tão sinceras. Elas aquecem meu coração todos os dias. - Estamos ao seu lado, Mamain. Eu sei disso.
Tenho cinco garotos que lavam a louça e hoje eu os abracei e disse: - Sejam boas pessoas, meus filhos, respeitem todas as pessoas. Também respeite as garotas e façam-se respeitar por todos.
Se estou fazendo a coisa certa? Não sei.
Então, eu penso que hoje é um dia político. Um dia de poder, de relações, de questionar fatos.
Eu não quero ganhar flores hoje. Hoje não! Hoje não estou romântica.
Já não consigo mais.
Porque vejo mulheres desamparadas por todo lado.
Vejo mulheres julgadas por tentativas de aborto.
Vejo mulheres desamparadas por doar suas crias.
Vejo mulheres criticadas por ter filhos e pedir ajuda para criá-los.
Não! Hoje não é um dia romântico.
Não me enviem flores hoje.
Hoje estou para a luta.
Estou para pegar uma garrucha. Um arco, uma flecha, uma pedra, um estilingue.
Hoje sou mais uma Lamparina, (Maria Bonita), sou mais eu, sou bravura, sou tristeza, sou lamento, sou agonia, sou nada.
Acho que sou, sabe o quê?
Não! Não é o que acho. É o que tento ser, é o que gostaria que todos pudéssemos ser: Dona do Pedaço. De um pequeno pedaço... que é minha vida, minha família, meu corpo e meu sentir.
Eu gostaria que esse fosse meu quarto livro.
Sobre o poder da mãe, da mulher, da pessoa, do vivente!
Dona do Pedaço!
Um sonho a ser vivido, um livro a ser publicado, uma lenda a ser construída.
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OLINDA GUEDES é mãe da Nina e Camila Maria, apaixonada pela vida, escreve com o coração o que cabe em palavras. É mãe de mais outros cinco príncipes na terra, e quatro anjos no céu.
Por vezes, não é uma pessoinha muito romântica.
Conduz, no Instituto Anauê-Teiño, a Escola Real de Saberes Úteis. Uma iniciativa cujo objetivo é trocar saberes das diversas ciências com o propósito de uma vida mais feliz, próspera e saudável.
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