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DR PAULO LIBERALESSO - RELATO DE LEITURA

DR PAULO LIBERALESSO - RELATO DE LEITURA
OLINDA GUEDES
nov. 11 - 6 min de leitura
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- Livro: Longe da Árvore - Andrew Solomon

Andrew Solomon é doutor em psicologia e um dos escritores mais importantes da atualidade.

Embora dono de obras belíssimas, LONGE DA ÁRVORE me parece o auge de sua carreira como escritor.

Se você não gosta de ler, esse post não irá te agradar... talvez você deva parar por aqui...

LONGE DA ÁRVORE é um livro de exatas 1.050 páginas. Provavelmente, um dos livros mais complexos que eu já li... e eu realmente já li muitos livros...

O livro é dividido em 12 capítulos durante os quais Solomon trata das suas percepções à respeito de indivíduos surdos, com síndrome de Down, nanismo, autismo, esquizofrenia, deficiências múltiplas, crianças prodígio, transgêneros e sobre o estupro.

O livro começa com o autor falando sobre sua homossexualidade e as enormes dificuldades de aceitação pelos pais e sobre seus filhos...

Ele tem cinco filhos... seu companheiro já tinha dois filhos... depois ele teve mais dois filhos com um casal de lésbicas para as quais cedeu seu sêmen... e, mais tarde, teve um filho com uma amiga também... bem, trata-se de uma família bastante complexa do ponto de vista das relações...

Logo no início, o autor explica sobre a identidade vertical (aquela que herdamos de nossos pais) e a identidade horizontal (aquela que moldamos durante a vida através das influências sociais e interpessoais).

O capítulo sobre os surdos foi muito interessante para mim... minha mãe é surda... e ele aborda as dificuldades de criar uma criança surda por pais ouvintes...

O capítulo de autismo é um dos mais interessantes e nele o autor cita a clássica frase do Prêmio Nobel Éric Kandel: “Se conseguirmos entender o autismo teremos entendido o cérebro”. Neste capítulo, “Welcome to Holland” é substituído por “Welcome to Beirut” por uma mãe de uma criança autista.

Ainda no capítulo de autismo, Solomon faz reflexões interessantes sobre a capacidade dos pais amarem filhos que, muitas vezes, terão enorme dificuldade em corresponder a esse amor de forma clara e declarada.

Ele fala também sobre a neurodiversidade, discutindo se “tratar” um indivíduo autista não seria tirar dele a oportunidade de ser “quem ele realmente é”... enfim... cabem muitas reflexões a esse respeito... sempre respeitando a opinião de todos...

No capítulo da esquizofrenia... esse foi, particularmente, muito difícil... o autor fala sobre a perda do “eu” que existia antes da doença se manifestar, o que geralmente ocorre após a adolescência... mas o que mais me chocou neste capítulo é a referência a profissionais gananciosos e aéticos que, fazendo uso do sofrimento e desespero das famílias, exercem de modo inescrupuloso sua profissão... o autor relata de forma minuciosa uma relação entre um “psicólogo” e a família de um esquizofrênico... é bastante revoltante...

No capítulo sobre as deficiências múltiplas, Solomon aborda os assassinatos e o abandono destas crianças pelos pais. Faz referência, ainda, ao pensamento retrógrado de que o nascimento destas crianças estaria de algum modo relacionado às mães com desejos sexuais exacerbados... bom, atribuir às mulheres a culpa por doenças dos filhos, é tão antigo quanto a Roma Clássica.

Há nessa parte do livro, uma extensa discussão a respeito do aborto em situações de gestações de crianças com graves problemas de saúde... talvez umas das partes mais “discutíveis” de toda a obra.

O capítulo sobre filhos geniais ou prodígios eu, sinceramente, não gostei... achei superficial.

O capítulo sobre filhos criminosos é angustiante... é possível, de forma muita clara, nos colocarmos no lugar destes pais, sentindo sua dor, revolta e até culpa.

O capítulo sobre “estupro”... bom, esse realmente é horrendo... Solomon aborda situações de guerra descrevendo estupros coletivos e aborda também as diversas percepções das próprias mulheres violentadas. É IMPOSSÍVEL ler este capítulo num único dia... é uma mistura de tristeza e revolta quanto à natureza violenta de alguns homens.

Bom, o capítulo de transgênero foi um dos mais difíceis para minha compreensão... não para minha aceitação... para compreensão mesmo... ainda tenho sérias dúvidas a respeito de qual a forma mais adequada para lidar com essas crianças... realmente eu não tenho opinião formada a esse respeito.

Por fim... se você é uma pessoa que gosta de fazer juízo de valor ou que tem opiniões já totalmente sedimentadas sobre estes assuntos, NÃO LEIA ESTE LIVRO... ele não foi escrito para você...

Mas, se você quer ou precisa tentar compreender melhor as relações entre pais e filhos que, de alguma forma, desviam da dita “normalidade”, então essa obra é fundamental.

Abraços e boa noite.
Paulo.

Com autorização do autor.

Paulo Breno Noronha Liberalesso

 Endereço para acessar este CV
http://lattes.cnpq.br/2952062799193637    

Graduado em MEDICINA (1998). Residência médica em PEDIATRIA (1999/2000) e Residência médica em NEUROPEDIATRIA (2001/2002) pelo Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba, PR, Brasil. Pós-graduação em EPILEPTOLOGIA (2002/2003) pela Universidade Federal de São Paulo. Mestrado em NEUROCIÊNCIAS (2003/2004) pela Universidade Federal de São Paulo. Doutorado em DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO (2007/2011) pela Universidade Tuiuti do Paraná. Supervisor do Programa de Residência Médica em NEUROPEDIATRIA (Nível R3 / R4) do Hospital Pequeno Príncipe. Médico do Departamento de Neurologia Pediátrica e do Serviço de Neurofisiologia / Eletrencefalografia / Vídeo-EEG do Hospital Pequeno Príncipe. Presidente do Departamento de Neurologia da Sociedade Paranaense de Pediatria (2010-2012). Presidente do Departamento de Residências Médicas da Sociedade Paranaense de Pediatria (2010-2012). Membro Efetivo do Departamento de Neurologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (2013-) (Texto informado pelo autor)

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GUEDES é mãe da Nina Maria e dos sêxtuplos,  seis irmãos biológicos que vieram de Imperatriz, apaixonada pela vida, escreve com o coração o que cabe em palavras.  Estar com Dr. Paulo Liberalesso  é sempre um presente. Além de gênio, ele é um ser humano elegante, humilde, acessível.

Não vê a hora de ler todos os livros de Oliver Sacks https://pt.wikipedia.org/wiki/Oliver_Sacks,   indicados por Dr. Paulo e Marianne Franke-Gricksch.

Conduz, no Instituto Anauê-Teiño, a Escola de Saberes Úteis. Uma iniciativa cujo objetivo é trocar saberes das diversas ciências com o propósito de uma vida mais feliz, próspera e saudável.

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