Um erudito perguntou à um sábio, como as partes se unem em um todo
e como o saber sobre as muitas partes, se diferencia do saber sobre a plenitude.
O sábio respondeu: "O disperso se une em um todo quando encontra seu centro e atua concentrado. Pois somente através de um centro, o muito torna-se essencial e efetivo, e sua plenitude se nos revela então como simples, quase como pouco,
como força serena dirigida ao que se segue, que tem peso e está contígua ao que sustenta.
Assim, para conhecer ou transmitir a plenitude, não preciso, portanto:
- saber;
- dizer;
- ter;
- fazer;
- tudo em detalhe.
Quem deseja entrar na cidade, passa por uma única porta.
Quem dá uma badalada em um sino faz retinir, com esse único tom, muitos outros. E quem colhe a maçã madura não precisa averiguar a sua origem. Ele a segura na mão e a come."
O erudito objetou: quem quer a verdade, tem que conhecer também todos os detalhes.
O sábio, porém, contestou.
Sabe-se muito somente sobre a verdade que nos foi legada. Verdade que leva adiante é nova e ousada. Pois ela contém seu fim assim como uma semente, a árvore.
Portanto, aquele que ainda hesita em agir, porque quer saber mais do que lhe permite o próximo passo, não aproveita o que atua.
Ele toma a moeda pela mercadoria, e transforma em lenha as árvores.
O erudito acha que essa só pode ser uma parte da resposta e lhe pede ainda um pouco mais.
Mas o sábio se recusa, pois plenitude é, no princípio, como um barril de mosto: doce e turvo. E precisa fermentação e tempo suficiente, até ficar claro.
Então, aquele que o sorve em vez de degustá-lo, passa a cambalear embriagado.
Bert Hellinger - livro "A Fonte não precisa perguntar pelo caminho"