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EM BOCA FECHADA NÃO ENTRA MOSCA

EM BOCA FECHADA NÃO ENTRA MOSCA
Simone Belkis
mar. 10 - 5 min de leitura
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Esse velho dito popular sempre me pareceu um tanto quanto ingrato, porque para uma geminiana como eu, é um pouco difícil fechar a boca. Somos seres comunicantes, a palavra é nosso escudo, nossa arma e nossa proteção. Os outros é que se cuidem.

Todos nós, ainda que possuamos um só língua, por vezes, agimos como se tivéssemos, no mínimo, aquela linguinha bipartida, comum às cobras. Mas, isso é natural, se não nascemos sabendo falar, também precisamos aprender a calar.

Brincadeiras à parte, hoje vim mesmo falar sobre o valor desse velho e rabugento dito. O valor do silêncio.

Somos seres dotados de consciência e, ainda que imperfeitos, alguns mais e outros menos falantes. Mas, é fato que nossa forma mais prática, rápida e... perigosa de nos comunicarmos e nos fazermos entender é a palavra.

Digo a mais fácil, porque é mais óbvia, outras linguagens, como as não verbais são bem mais difíceis de serem lidas, ainda que sejam mais honestas. O corpo, os olhos, o tom de voz não mentem, a não ser que sejam manipulados.

A palavra é explícita, embora cada um tenha seu próprio dicionário interno e possa compreender o dito pelo não dito.

Mas, é uma arte aprender a silenciar. Somos seres dotados (às vezes, mal dotados) de opiniões, preconceitos e a mania de falar quando não somos solicitados. Bem, nem todo mundo é assim, só se for geminiano puro, hehe. (Geminianos desculpem, eu não resisti).

Com o amadurecimento, tenho aprendido que calar, muitas vezes, pode ser a única e melhor resposta. Mas, é preciso ter cuidado, porque isso não pode ser confundido com omissão. E isso pode acontecer com uma certa facilidade, infelizmente. Não podemos silenciar diante daquilo ou daqueles que estão sob nossa responsabilidade e orientação, mas os demais são maiores e vacinados.

Talvez, algumas pessoas discordem. Só posso falar por mim. Sempre fui uma pessoa de falar o que pensava, defendia minhas ideias, porque eu tenho por hábito gerá-las por minha própria conta e risco, não costumo tomar nada que considere sério, emprestado sem ler, mastigar e pensar bem.

Achava que a sinceridade, a verdade (a minha) era sempre um presente, que mesmo doloroso, era para o "seu bem". Eu estava errada, tenho aprendido que não se pode dizer a alguém mais do que aquilo que ele/ela possa suportar, lidar, assimilar. E que isso, embora nem sempre pareça, é uma bênção.

Aprender a guardar para si mesmo suas opiniões, suas ideias e suas próprias vidas é uma arte que deve ser aprendida por quem deseja evoluir e não se incomodar com o que não vale o risco. O risco de ser mal interpretado, ser julgado injustamente, de ter suas palavras usadas contra si. Afinal, se até o réu tem o direito de não produzir provas contra si mesmo, porque nós "inocentes" deveríamos criar um ônus a pagar?

O que realmente importa é saber falar na hora de falar e calar na hora de calar. E nunca o vice-versa. Isso implica em respeito, harmonia e, sim, evolução. Não podemos enfiar goela abaixo nossas opiniões e crenças, principalmente, quando nós mesmos não damos conta delas.

Mas, o calar não é de todo repressão, o silêncio externo é consequência do aprendizado do calar interno, do silenciar a mente. E essa sim é uma tagarela irremediável, que precisa ser domesticada. Deixá-la livre é como permitir que os ratos tomem conta da casa e expulsem o gato.

A boca fechada pode ser a boa resposta que alguém espera de nós e em variadas situações. Porque, às vezes, tudo o que o outro preciso é de um ouvido, um abraço, um olhar consolador. Outras vezes, a palavra certa pode cair mal em um ouvido ensurdecido pela dor.  Ou ainda, a boca que fala aquilo que não faz sentido para nós, é "melhor" que fique fechada.

Cada caso é um caso, mas saber dosar as palavras é uma arte. Muitas vezes, quando queremos dividir com o mundo nossas alegrias, conquistas ou até nossas dores, precisamos escolher bem não apenas as palavras, mas os ouvidos, porque certos sentimentos podem distorcer nossa fala, a inveja, o medo, o egoísmo são como lentes com graus demais ou de menos.

Não é preciso colocar zíper nos lábios, basta buscar o bom senso para não ferir, a maturidade para não se expor, e o respeito para não invadir.

É simples, nem sempre fácil.

Mas, como dizem outros dois velhos ditos: "A palavra lançada não volta vazia" e "a palavra é prata, mas o silêncio é ouro" são apenas mais elegantes, mas tem a mesma moral da história.


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