“É preciso estar sempre embriagado.
Isso é tudo: é a única questão.
Para não sentir o horrível fardo do Tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão.
Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser.
Mas embriague-se.
E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão:
“É hora de embriagar-se!
Para não ser o escravo mártir do Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser”.
Ademais, permitam-me corroborar: embriague-se de paixão e até mesmo de compaixão, embriague-se de conhecimento, embriague-se de sonhos, embriague-se de cerveja — tão gelada quanto a noite de inverno.
De tudo que lhe causar sede, embriague-se.
Sem moderação.
Ora, antes escrava da embriaguez, que do Tempo.
OLINDA GUEDES é mãe da Nina e Camila Maria, apaixonada pela vida, escreve com o coração o que cabe em palavras. É mãe de mais outros cinco príncipes na terra, mais uma princesa que está chegando e quatro anjos no céu.
Como é abstêmia, leu este poema pensando, parafraseando o termo embriagar-se por espantar-se, apaixonar-se, como diz Rubem Alves.
Conduz, no Instituto Anauê-Teiño, a Escola Real de Saberes Úteis. Uma iniciativa cujo objetivo é trocar saberes das diversas ciências com o propósito de uma vida mais feliz, próspera e saudável.
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