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EnCAIXAr-se PARA ESTAR NO MUNDO

EnCAIXAr-se PARA ESTAR NO MUNDO
Simone Belkis
mai. 9 - 5 min de leitura
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Já faz um certo tempo que estou observando o tema sobre o qual quero falar agora.

É uma coisa com a qual lidamos todos os dias, creio que desde que o mundo é mundo, mas que faz um estrago imenso, apesar da praticidade. Estou falando da forma de CAIXA em que vivemos essa vida. Mas, após ler um post no Facebook, não pude deixar de olhar para essa questão outra vez. 

Acho que isso se apresenta de uma maneira bem forte na escola, e não que já não se passe antes, dentro de casa com as crenças "sutis" que nos são incutidas na infância. Mas, para 30 crianças e uma santa ou santo ser que precisa "controlá-las" e educá-las, nada mais fácil que usar um método onde todas possam encaixar-se. Afinal, é mais fácil, mais rápido e serve aos interesses econômicos de um país onde é o Senhor Dinheiro que dita as regras.

Os excedentes (ou as crianças que não se encaixam) são tratados como... excedentes. E do lar/escola para o mundo é um pulo.

E não quero responsabilizar ninguém de forma direta, todos nós nos encaixamos em alguma coisa, isso é suportável até um certo nível. Mas, já passamos desse nível faz tempo. Ainda que nossa manifestação pareça existir apenas na 3D, até para ela já passamos do razoável.

Eu não parei para fazer uma análise mas profunda, mas creio que essa questão seja um dos fatores que mais alimentam o preconceito, já que a grande questão a controlar é o diferente, tornando todos iguais e jogando no lixo existencial aquilo que não tem como ficar igual.

Esse processo está infiltrado em absolutamente tudo que nos rodeia, controlando, manipulando e condenando quando algum desavisado sai de dentro do território seguro da caixa. Infelizmente, em um texto tão curto, seria difícil mensurar o tamanho do efeito que isso causa em nossas vidas.

Mas, como nada é para sempre e a evolução não tem pressa, ela vai trazendo aos poucos e de forma lenta (infelizmente, para nós apressados e ansiosos) uma cobrança, que vai carcomendo as estruturas podres de uma caixa mal formada.

Não tem estrutura que aguente a ânsia que a vida tem de ser completa.

Mas, voltando um pouco atrás, gostaria de falar do post que me chamou atenção no Facebook, por ser algo bastante recorrente e que pode servir de exemplo para ilustrar o que estou falando e de um alerta para a extensão dessa prática.

Foi um comentário sobre a fala do companheiro de um artista recém-falecido, ou seja, um casal homoafetivo, que tinha duas crianças, que inclusive são filhos naturais de cada um dos rapazes. A pessoa que postou o comentário fez a seguinte observação: " - Marido é um termo que se usa para um homem casado com uma mulher e dois homens não podem gerar crianças juntos".

Tecnicamente, ela não está errada. Inclusive, estas questões linguísticas têm gerado muitas polêmicas, já que o velho idioma não comporta classificações para os novos gêneros. E novas palavras levam tempo para serem incorporadas a uma língua sempre viva.

Mas, a questão ultrapassa as linhas da gramática quando envolve vidas de pessoas que estão apenas sendo quem são e lutando por seus direitos, ou seja, agindo fora da caixa. Essa mesma prática, presa a dogmas, regras linguísticas, ideais de beleza, padrões de qualidade, interesses classistas e outros tantos comportamentos enCAIXAdos têm causado muita confusão e pior que isso, muita discriminação.

Assim, como acontece com o dinheiro, muitas das regras, tradições e costumes acabam sendo senhores do homem quando na realidade deveriam ser seus servos devotos e obedientes. Mas, isso vai longe demais para qualquer compreensão razoável sem uma análise mais apurada.

Outra coisa que também se produz como consequência de querer ditar ou manter certas regras são as respostas que derramam mais veneno e mais preconceito ainda. A pessoa que fez o comentário foi achincalhada, xingada, e talvez, tenha se sentido ofendida com tanto desrespeito a sua pessoa.

O que importa mesmo, do meu ponto de vista, é antes de tudo olhar o humano, respeitar a dor e reservar a si mesmo o suposto direito de julgar. Embora, isso só possa nascer de pessoas que, conscientes de seu próprio valor e identidade, saibam que estamos todos em primeiro lugar quando o assunto que se trata é a vida.


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