Uma noite, uma mãe segurava ao colo, com muito carinho, o seu bebê recém nascido, e cantava suavemente esta canção de embalar:
Eu te amo para sempre, com lua e com sol, serás sempre meu filho!
O bebê cresceu, cresceu, cresceu, cresceu ainda mais, e depressa fez dois anos. Andava por toda a parte, deitava abaixo os livros das prateleiras da biblioteca e abria a geladeira. Um dia, agarrou o relógio da mãe e lançou-o ao vaso sanitário. Por vezes, a mãe desabafava "Esta criança ainda vai me deixar maluca!"
Mas, à noite, quando o menino dormia, ela entreabria a porta do quarto, entrava na ponta dos pés, ajoelhava-se perto da sua caminha e contemplava-o no seu sono. E vendo que ele dormia profundamente, apertava-o nos braços com muito carinho, e cantava-lhe baixinho esta canção de embalar:
Eu te amo para sempre, de noite e de dia, serás sempre meu filho!
O menino cresceu, cresceu, cresceu, cresceu ainda mais, e depressa fez nove anos. À tarde, nunca queria fazer os trabalhos de casa, recusava-se a tomar banho e resmungava diante da avó. Às vezes, como gostaria a mãe de o despachar para o jardim zoológico!
Mas à noite, quando o filho dormia, a mãe entreabria a porta do quarto, entrava na ponta dos pés, ajoelhava-se perto da cama e contemplava-o no sono. E vendo que ele dormia profundamente, embalava com ternura aquele rapagão de nove anos nos braços e cantava-lhe baixinho esta canção de embalar:
Eu te amo para sempre, de noite e de dia, por toda a vida, serás sempre o meu filhinho.
O rapaz cresceu, cresceu, cresceu, cresceu ainda mais, e depressa se tornou num adolescente. Dava-se com colegas extravagantes, usava roupa também extravagante e escutava música igualmente extravagante. Por vezes, a mãe tinha a impressão que estava num jardim zoológico! Mas, à noite, quando o seu filho dormia, a mãe entreabria a porta do quarto, entrava na ponta dos pés, ajoelhava-se perto da cama e contemplava-o no sono.
E vendo que ele dormia profundamente, sustinha carinhosamente este colosso nos braços e cantava-lhe baixinho esta canção de embalar: Eu te amo para sempre, de noite e de dia, por toda a vida, serei sempre o teu filhinho.
O adolescente cresceu, cresceu, cresceu, cresceu ainda mais, e depressa se tornou num adulto. Deixou a família e instalou-se na outra ponta da cidade.
Mas, às vezes, em plena noite, a mãe atravessava a cidade de carro. Vendo que todas as luzes estavam apagadas, abria a janela do quarto do filho, entrava na ponta dos pés, ajoelhava-se perto da cama e contemplava-o no sono. E vendo que dormia profundamente, apertava com ternura aquele homem nos braços, e cantava-lhe muito baixinho esta canção de embalar:
Eu te amo para sempre, de noite e de dia, por toda a vida, serás para sempre meu filho.
A mãe foi envelhecendo, envelhecendo cada vez mais. Um dia, telefonou ao filho e disse-lhe " Devias vir. Estou velhinha e doente." Então o filho foi vê-la. Mal ele entrou, ela quis cantar-lhe a sua canção de embalar. E entoou:
Eu te amo para sempre, de noite e de dia….
Mas não conseguiu acabar. Estava demasiado idosa e muito debilitada.
O filho correu para a mãe, embalou-a com ternura nos braços, e cantou-lhe suavemente esta canção de embalar:
Eu te amo para sempre, de noite e de dia, por toda a vida, serei sempre o teu filhinho.
Nessa noite, quando voltou para casa, o jovem hesitou muito tempo no último degrau da escada. Em seguida, entrou no quarto onde a filha pequena dormia.
Tomou-a carinhosamente nos braços e cantou-lhe muito baixinho esta canção de embalar:
Eu te amo para sempre, com lua ou com sol, por toda a vida, serás sempre a minha filhinha.
uma tradução livre de Alonso e Olinda Guedes
Love You Forever é um livro de figuras canadense escrito por Robert Munsch e publicado em 1986. Conta a história do relacionamento em evolução entre um menino e sua mãe. O livro foi escrito depois que Munsch e sua esposa tiveram dois bebês natimortos. Desde então, eles se tornaram pais adotivos de três filhos.
Um vídeo tão lindo:
https://youtu.be/70aHBZEbrxo?t=189