Tudo começou indo até uma floricultura comprar flores para os ancestrais, antepassados... comprei flores amarelas e resolvi comprar mudinhas de árvores lindas.
Minha caminhada começou na porta do cemitério, já deixei uma arvorezinha e fui caminhando e deixando uma flor amarela nos túmulos sujos e abandonados. Senti frio, muito frio num dia tão quente e ensolarado. Conforme caminhava sentia calafrios e dores nos pés, cãibras, dores no peito, falta de ar... a cada caminhada e parada era um sintoma que não me pertencia, fui falando: "eu sinto muito...".
Ao chegar no túmulo dos meus pais, senti o choro forte, muita cãibra, e dores na minha perna, então conversei com minha mãe, falei eu sinto muitos por todas suas dores, que sinto muito sinto por seus sonhos interrompidos, sinto por tantas noite escuras.
Observei a data que meu pai faleceu, e percebi que era tão novo com 39 anos, então ali vi quantos sonhos foram interrompidos, tanto dele como dos filhos e da esposa, quantas noites escuras se passaram a cada um deles.
Continuei a caminhada e fui na minha outra mãe e a dor aumentou, o choro tomou conta e a dificuldade de acreditar que este ano ela estava lá junto ao pai, que tudo foi como tinha que ser. Comecei a perceber ao redor quantos excluídos tinham, quantos túmulos quebrados e deixados no esquecimento... então plantei arvorezinha, conforme sentia a necessidade eu plantava e deixei flores amarela.
Fui até o túmulo de minha abençoada vó MARIA e senti a necessidade de cantar e colocar um hino, coloquei um que soava o tempo todo nos meus ouvidos. Além de Maria o Fogo... então cantei junto, chorei e olhei para o céu vendo as nuvens ali e pensando na alegria que eles estavam lá, livres.
Encerrei minha caminhada plantando as 15 arvorezinhas e oferecendo aos ancestrais.. Ao sair senti o socorro: "Por favor não vai, eu estou aqui... SINTO MUITO".
Chegar em casa fui pedalar, queria receber o vento. Ao chegar em casa tomei meu banho bem demorado, chorei, cantei, me perfumei, me achei linda, e senti fome, muita fome, vontade de comer pão, vontade de beber um vinho, vontade de comer arroz doce, todos esses desejo salivava minha boca... sentia o gosto.
Então comi além do normal, bebi uma taça de vinho comi um chocolate, depois de feito isso, entreguei e conversei, escrevi tudo no papel e queimei. Que eu posso fazer diferente, eu posso realizar meus sonhos, eu posso ver a minha beleza, eu posso ter uma boa saúde, eu posso sentir a prosperidade e abundância, eu posso usufruir de todos os sonhos, eu posso realizar, eu os honro realizando cada sonho interrompido.
Eu agradeço, eu sinto muito por todas as histórias de luta e sobrevivência dos meus ancestrais.
PEÇO QUE ME PERDOEM E ME ABENÇOEM. GRATIDÃO!