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A VERDADE SOBRE O SOFRIMENTO HUMANO

A VERDADE SOBRE O SOFRIMENTO HUMANO
Liana Utinguassu
fev. 25 - 8 min de leitura
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Curso: Formação Real em Constelações Sistêmicas

Título: A verdade sobre o sofrimento humano

Autora: Olinda Guedes


Inicialmente, gostaria de enfatizar que a capa do livro, A Pietà de Michelangelo, me induziu a constelar memórias...

Fui uma criança muito voltada às práticas espirituais. Estudei em colégio de freiras e era aquela que cantava no coral a oração de São Francisco, bem como outras orações.

Sabia à missa de trás para frente e vice versa...

Sonhava com os anjos, com as moradias de Jerusalém e houve um período, face à perda de nosso pai, quando eu tinha 10 anos, que desejei verdadeiramente ir para um convento e me tornar freira.

Tinha 10 anos.

Eu, certamente não tinha esta vocação, mas o espírito em mim sempre pulsava mais forte que a matéria, interessante isto que me dei conta hoje, aos meus 58 anos.

Não que eu não tivesse lido esta sensação outras vezes em mim, mas parece que hoje ela mostrou à raiz que me nutriu à vida toda.

A capa do seu livro, Professora Olinda, me remeteu profundamente à minha infância e toda trajetória espiritual que fundamentou e fundamenta minha existência, independente de crenças, filosofias, religiões.

É de fato uma longa história, que também transcrevo em meu primeiro livro editado: O Chamado da terra. Bem, dito isto, passo a novamente me debruçar nesta obra maravilhosa.

Cada detalhe, as flores, tudo tão especialmente acolhedor, me fez chegar também ao seu lado, Olinda. Flores e alegrias para cada um. As lágrimas começam a vir. Ainda tenho muito à curar em mim, sei que é uma trajetória que começou no dia em que nasci neste mundo.

Venho de uma família simples, classe média, digamos, muito embora eu deteste estes rótulos ou placas de identificação, como se fôssemos embalagens, produtos em prateleiras.

A leitura do seu livro me trouxe muitas certezas se tratando do meu sistema familiar e também dos nossos ancestrais, indígenas, libaneses, portugueses.

Nossa família traz uma memória muito delicada em relação a muitas batalhas, humilhações, escassez, sofrimento. Como se sempre houvesse uma marca registrada dizendo que não merecemos ser felizes e isto, ao longo de muitas idas e vindas minhas, dentro de um caminho espiritual, junto às comunidades indígenas, foi sendo revelado gradativamente a mim.

Sou a filha menor e também sou aquela que tomou um caminho totalmente distinto em busca de sanar a mim e se possível auxiliar aos meus familiares.

Ao longo de muito tempo, sofri muito com a desenho deste sistema, e para falar honestamente, o sistema segue muito enfermo.

Me distanciei, busquei terapia, fiz muitos cursos e trilhei muitas aldeias, compartilhei com muitos povos, culturas, tradições, me tornando até uma referência no assunto, mas sempre vinha a mim a pergunta:

Porque minha família sofre tanto?

Porque nossa mãe está sempre vibrando na tristeza, na dor, na infelicidade? Por mais que se esforce, sempre, diante das premiações da vida, ela sempre volta-se para o lado sombrio, trazendo sempre isto em tudo que faz e diz.

Sempre conversei muito com minha mãe, com minhas irmãs, mas sempre fui vista como a que vive em outro mundo. Hoje, nem tanto, porque já estou beirando os 60 anos e também a vida lhes mostrou que elas não conseguem ser felizes e que isto é escolha delas, não minha.

Em 2020 perdi uma irmã para o câncer e busquei minha vida toda mostrar à ela que era possível ser feliz, mas ela não optou desta forma. Devo agradecer à ela, aliás agradeço à todas! Agradeço ao nosso pai também.

Isto, hoje, porque por muitos anos sofri demais por me sentir literalmente sem ninho, ou uma estranha no ninho. O livro me trouxe muitas respostas, também neste momento em que percebo minha mãe declinando cada vez mais, emocionalmente, sobretudo.

Trato de levar alegria à ela, mesmo assim ela trata sempre de trazer à tona somente o sofrer. Normalmente, quando leio uma obra, costumo grifar com cores e escrever em espaços vazios o que senti naquele capitulo.

Na página 18, sobre as abordagens da figura da mãe, ou Pietà, escrevi:

Não somos nada sem o antes.

Sem acolhermos nossa mãe em nós. Sob quaisquer circunstâncias, não julgá-la. Aprendo cada novo dia a aceitar que todos temos fortalezas e fragilidades desta mãe e deste pai.

Assim crescemos... A opção de sermos felizes, de nos fortalecermos com estas fragilidades é de nossa responsabilidade. Mãe, sinto muito pelo seu sofrer, pela falta da sua mãe, minha avó, e pelo abandono do seu pai, meu avô. Por favor mãe, me liberta! Tu és grande, eu sou a pequena! Não posso ser a responsável pelo teu viver, sofrer... Quero que sejas feliz por tua vida.

No Capítulo do Pai escrevi:

Não me compete me sacrificar pelas mulheres de nosso sistema.

Eu as liberto e me liberto. Cada uma dentro do seu papel, abraçará apenas as suas responsabilidades. A Alegria é uma fome da alma, me fez recordar que sempre senti esta fome, mas hoje eu a acolho e me dirijo ao agradecimento, a aceitação do que está além do meu querer e poder.

Sou realmente muito pequena neste sistema e por muitos anos mal tive forças para olhar este quadro. Também vejo meus sintomas, minha saúde, desde cedo, refletindo muitas questões que por muito tempo ignorei.

Hoje, não mais.

Entendi meu propósito aqui na Terra. Servir de ponte para que as pessoas redescubram seus potenciais e se auto-administrem. Na sequencia, pude navegar nos poemas presos e me fez recordar toda trajetória até aqui onde fez muito sentido tudo que está nestes poemas. Só posso agradecer.

Nas memórias de nascimento, senti de escrever ao meu filho sobre as tristezas que sem intenção, posso ter passado à ele desde o ventre. Pedi perdão e assumi as minhas tristezas, transformando-as em sementes de crescimento e libertação.

Tu filho, não és responsável por minhas dores passadas. Elas são passado curado e tu deves desfrutar de tua vida com alegria. Sou eternamente abençoada por me permitires ser tua mãe e agora, avó.

Sobre a morte percebo que somos eternos, alquimistas da matéria, da alma e do espírito. Somos co-criadores de vida. É sem dúvida uma obra para nos guiar em absolutamente todos os momentos.

Degustei e estou relendo, em cada grifo, cada marcação que me levou a entender e compreender mais sobre mim e sobre a realidade de todos nós, seres humanos.

Localizei muitas revelações no meu sistema. Agradeço ao meu tio Paulo, que ficou cego na guerra, nos mostrando os horrores de tamanhos conflitos, agradeço ao meu avô Pedro, na sua simplicidade e também ganância, sentindo muito por ele ter tido que negligenciar muito de sua raiz para viver neste mundo tão competitivo, sendo ele um homem da terra e das coisas simples. Eu o compreendi e hoje também me liberto de todos os sentimentos de escassez em nossa família.

Agradeço imensamente à Professora Olinda Guedes por nos conduzir nesta senda.

Hoje, mais consciente e amadurecida diante de muitas informações ocultadas dentro de nosso sistema, agradeço a travessia que empreendi, guiada pelos ancestrais e por ser quem sou.

Devo aos meus Pais, 50% de um e 50% de outro, em mim.

Abraço à vocês,

Liana Utinguassu


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