Ao me apresentar no curso Master de Formação em Constelações Sistêmicas como filha única dos meus pais, amante e mãe de muitos animais de estimação, não imaginei que encontraria em alguma das aulas a dinâmica que opera por trás da condição dos filhos únicos.
Constelei profundamente ao identificar a sintonia com a memória de escassez presente no meu Sistema Familiar, uma vez que eu realmente nunca desejei ter outros irmãos para poder ficar com "tudo" para mim, exatamente porque esse "tudo" era tão pouco e existia um medo, que ainda estava oculto, desse tudo não ser o suficiente nem para as minhas necessidades.
Carregando igualmente essa memória de falta, minha mãe sempre alegava que preferia que eu fosse filha única para ela poder me dar tudo que ela não teve e para que eu não precisasse ser sacrificada em casa, como ela sentia ter sido pelos seus pais, principalmente por parte da minha avó, que além dos poucos agrados ofertados na parte material, também não dispunha de tempo para dar a atenção adequada aos filhos, uma vez que precisava trabalhar para ajudar meu avô a sustentar a família.
Eis que eu me apaixono por animais de rua, todos órfãos da vida, representando os órfãos sofridos do meu sistema e que eu acolhi tanto e tantos nesses anos todos.
Quantos alimentados, cuidados e até recuperados quando era o caso. Quantos ficavam no entorno da nossa casa, quando morávamos eu e meus pais, pois nós deixávamos comida e água na calçada para aqueles que sentissem fome e sede.
Quantos órfãos incluídos e amparados sem que nós soubéssemos. Como diz a querida professora Olinda: "A vida é uma grande Constelação."
Só posso ser grata por esse conhecimento transmitido que me fez completar um pouco mais.
Com amor,
Glória Caroline Neri Mantovani