Cada dia tem uma morte diferente noticiada. Pessoas famosas, outras não. Situações grotescas, ou misteriosas. Doenças severas, acidentes trágicos. Não costumo ficar olhando para essas notícias, mas mesmo assim, algumas me impactam.
Somos seres humanos, e se de alguma forma não estamos bloqueados para o sentir, lógico que teremos empatia em relação à dor da morte. Mesmo de alguém que não conhecemos. E por que será que sentimos, às vezes intensamente?
Vamos pensar no significado da morte: quando alguém se vai, muitos sonhos também vão juntos. Por exemplo, um marido que perde sua esposa: o sonho do casamento. A mãe dos filhos. Os carinhos trocados. As desculpas não proferidas. Não é o desligamento do corpo humano que mais incomoda, mas a frustração de tantas expectativas deixadas para trás. O mesmo vale para a morte de uma criança. Ou de um idoso.
A morte leva os sonhos e nos convida para olhar: o fim está logo aí!
Infelizmente, por falta de consciência emocional, muitos dos nossos antepassados não souberam lidar com a perda. Entraram em raiva, tristeza infinita, culpa, álcool, qualquer outra coisa para evitar simplesmente olhar para o fim.
Quando olhamos para mortes que nos impactam, mesmo que no noticiário, estamos sendo convidados a incluir as mortes não vistas pelo nosso sistema familiar.
Dizer sim à morte, quer dizer: incluir tudo, do jeito como foi, com toda a dor e tristeza, e deixar ir.
Pode parecer contraditório, mas saber lidar com a perda e com a finitude da vida nos dá ampla possibilidade de viver em equilíbrio, curtindo cada instante como uma dádiva, sem os exageros típicos daqueles que vivem além de todos os limites porque no fundo, querem escapar da morte.
Como se isso fosse possível.