Fios de ouro do cordão umbilical no universo que habitava dentro de Maria, que é a minha mãe, teceram as minhas células e dessas foram gerando novos tesouros.
Capas e couraças ameaçaram cobrir a abundância de tamanha riqueza de estar viva.
Vislumbrei cinzas e noites escuras da alma. Durante muito tempo corri para longe, fugindo, buscando o colorido e os dias de sol. Mergulhei mais fundo e mesmo com medo eu segui. E cada vez mais fundo... Até emergir como golfinhos que pulam de alegria fazendo acrobacias.
Pulei de alegria quando vi que há beleza nas cinzas e na noite escura da alma. Mesmo que beleza engendrada prestes a emergir como possibilidades. A vida está repleta de oportunidades e não é preciso tocar as estrelas para se conectar.
Ás vezes uma lágrima, uma dor, um vazio, um sintoma, abrem caminhos para a essência do humano que mora em nós. Desconfio agora, sentindo o fio de ouro que me liga à minha mãe e à toda a humanidade, que quanto mais aceito e agradeço, mais e mais mergulho nos meus recônditos e mistérios.
Assim, a centelha do humano reluz.
Desconfio até que são nesses momentos que posso ver Deus e operar milagres!