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Formação em Constelações Sistêmicas Familiares e Organizacionais segundo Bert Hellinger

Formação em Constelações Sistêmicas Familiares e Organizacionais segundo Bert Hellinger
Maria Helena Wantroba
jul. 16 - 11 min de leitura
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Conteúdo autoria: Olinda Guedes

Realizado em Guarapuava em 05 e 06/07/19

CONSTELAÇÕES ORGANIZACIONAIS – ÊXITO NA VIDA, ÊXITO NA PROFISSÃO

Toda profissão vem ao encontro de algo que está em aberto no sistema familiar, de algo que está à espera. Muito do que temos disponível no sentido de coragem e de ousadia, diz respeito às experiências corporais que temos na primeira infância até os 3 anos de idade. Ousadia e coragem dizem respeito às possibilidades de experiência, de sentir-se seguro e amparado em movimentos novos.

Êxito na vida, êxito na profissão diz respeito primeiramente à mãe, porque a primeira experiência de sucesso, de empoderamento é a gestação e depois o nascimento. Quando o nascimento é exitoso, o indivíduo experienciará na sua vida, a coragem de ir para o novo, a coragem de realizar, a coragem de mudar, a coragem de aventurar-se. A experiência do nascimento forma o primeiro programa, a primeira impressão sobre parceria. É o nascimento, é o que o bebê experiencia a partir de todas as pessoas que estão presentes neste momento: a mamãe, a equipe de apoio ao parto, todos os adultos e crianças presentes. Existem muitos registros que mostram exatamente a correlação entre as memórias de nascimento e as experiências de parcerias, de trabalho em equipe e de liderança.

A maioria das pessoas carrega uma sensação de desconhecer o próprio ritmo, a maioria dos nascimentos é feita num ritmo dos adultos de fora, não respeitando o ritmo do bebê. Então as pessoas crescem e carregam uma sensação de sobrecarga, uma sensação de serem frequentemente exigidas. É muito comum encontrarmos profissionais que têm uma sensação de sempre estarem aquém daquilo que se pode ou se espera, de frustrar a expectativa alheia. É comum encontrarmos profissionais que, frequentemente, têm a sensação de que nunca serão bons o bastante. São as primeiras sensações experienciadas  em relação ao nascimento.

O tempo também diz respeito à primeira memória de mãe. Quem está em paz com a mãe, tem tempo suficiente. Aquele para quem sempre falta tempo, ou que o desperdiça, tem um vínculo interrompido com a mãe, como memória pessoal ou transgeracional.

Angústia significa medo de perder a mãe. Ansiedade significa medo de nunca encontrar o pai.

Tempo é mãe, dinheiro é pai. Quando o vínculo de amor com o pai está interrompido, o dinheiro pode ser difícil. Todas as vezes que os sistemas carregam memórias de injustiça, de orfandade, é difícil para as gerações empreenderem, é difícil ter êxito.

Uma profissão traz à tona tudo aquilo que os filhos trariam. Uma profissão equivale a ter 2 dúzias de filhos. Uma profissão traz, para que os sistemas elaborem, as demandas mais desafiantes e ocultas dos sistemas.

Cada profissão vai olhar especificamente e principalmente para um dos princípios sistêmicos. Por exemplo, uma pessoa que “escolhe” ser militar, atua sobre esse sistema a necessidade de ordem e hierarquia. Um sistema que “escolhe” as profissões de cura, olha absolutamente para o pertencimento. Pessoas que escolhem a profissão de educação, de ensinar, principalmente aqui no Brasil, olha para o equilíbrio entre o dar e o receber, para as injustiças e assim sucessivamente.

Cada profissão, para cada pessoa tem um significado pessoal. Por exemplo, um médico atua salvando vidas, olhando pra vida, pra que todos pertençam. Mas se você coloca lado a lado, 10 médicos, sobre todos eles atua a condição de vida e morte. Um terá naturalmente a sensação de saber o que cada paciente precisa para se curar; outro poderá ter uma sensação iminente de morte sempre; outro poderá ter a sensação de que ele é ali apenas um profissional. O primeiro, é muito provável que tenha em repetidas gerações, curadores , mesmo que sejam de outras medicinas (oração, fitoterapia, xamanismo...). O segundo, poderá ter em sua história, muitas memórias de acidentes, de guerras. O terceiro poderá ter em suas memórias transgeracionais, muitos operários, pessoas que simplesmente faziam, até mesmo perpetradores.

O agir de modo prático em relação à vida, diz respeito às experiências transgeracionais de agir a sangue frio, agir sem os neurônios espelho, agir sem empatia. Diz respeito a sistemas que só conseguiram sobreviver porque se anestesiaram, senão morreriam de sofrimento. Isto faz com que um profissional num mesmo trabalho, tenha respostas completamente diferentes.

Aquele que tem êxito na profissão, está minimamente reconciliado com seus pais.  A dificuldade de êxito na profissão, principalmente quando esse êxito é ocorrido por acidentes, diz respeito ao pai. É o pai o guardião da segurança. Pessoas que sofrem muitos acidentes, precisam retomar o vínculo com o pai. Portanto, se as empresas sabem disto, elas aproveitam o mês de agosto para juntar a coisa toda. Aproveita o Dia dos Pais e pode pedir para seus colaboradores fazerem poesia para seus pais ou enfeitar a empresa de “Pai” (com chapéus, paletós, gravatas...).

Muitas situações de sofrimento relacionados a tempo e dinheiro, apontam diretamente para mortes precoces, viuvez e orfandade, que são traumas sistêmicos. Esses traumas só podem ser curados quando acolhidos, quando reconhecidos, quando experienciados. Um trauma congela o tempo. Uma experiência traumática faz com que o Amor fique à espera. Uma experiência traumática é como “congelar o tempo”, congelar tudo o que estava disponível. A parte biológica do sistema continua e a parte emocional permanece fora do espaço e tempo. De fato, houve só um órfão, mas a experiência traumática faz com que esse órfão permaneça por meio dos descendentes, por muitas gerações se expressando de acordo com o contexto daquela geração. Até que essa energia, esta condição de órfão possa ser acolhida, cuidada, vivenciada e então, curada. Essa energia de sofrimento cede lugar e, na maioria das vezes, quando esta cura é experienciada de forma profunda, no lugar daquele sofrimento, mostra-se o talento.

Um dos sinais de que as memórias traumáticas foram curadas, é perceber que muitos daquele sistema ou o indivíduo que experienciou a cura da memória traumática, passa a viver o seu talento, tem a sensação de ter encontrado a sua vocação, o seu lugar certo no mundo e a sua missão. Um trauma só pode ser curado por meio de experiência sensorial, porque somente as experiências sensoriais liberam espaço pras emoções, para a dor do órfão, para a solidão da viúva, para um medo do prisioneiro, do soldado. E uma experiência sensorial é possível por meio das artes, da poesia, da massagem, da respiração, do canto, da dança, da prece, da meditação, do não cartesiano, da não intelectualização, da não racionalização. Por exemplo, neste caso da criança órfã, se a família tem algum apreço por artes, pode-se oferecer nos aniversários, telas bordadas com figuras realistas, onde tenha esse filho ou pequenas crianças com sua mãe, com seu pai.

Existem muitas expressões inconscientes de objetos simbólicos. Por isso, um terapeuta precisa ficar atento ao mapa de mundo de sua família, daqueles que lhe procuram e daqueles também onde há o interesse de curar. O terapeuta também pode ser um líder dentro de uma empresa e, percebendo o mapa de mundo e os objetos simbólicos significativos, ele poderá fazer intervenções realmente curativas. Por exemplo, um funcionário que sempre está doente. A dinâmica sistêmica de quem sempre está doente é orfandade de mãe: “Querida mamãe, me cure.” E então esse líder poderá perguntar a essa pessoa: o que você gostaria de fazer se você tivesse um hobby, de fazer algo só pra se divertir.

O rapport e a empatia são fundamentais para a cura. Essa pessoa dirá: - Eu não tive infância. Então o terapeuta poderá dizer que uma das coisas que ajuda muito a ter saúde é ter um instrumento musical: pandeiro, flauta, violão. Dizendo desta forma amorosa, certamente o amor começa a fluir e será natural perceber imediatamente, o coração desta pessoa se abrindo. A energia do trauma já começa a se movimentar para curar.

A fala organiza o pensamento e o pensamento é o pai dos sentimentos, portanto a escuta empática é a principal forma de cura e então, depois de ouvir, o coração do cliente, do indivíduo, o terapeuta o conduz para a cura. Se foi dito: "Agora você falando, eu lembro claramente, chega a me dar uma agonia. O meu avô chegava bêbado e pegava uma gaita e tocava e cantava desafinado e dali já virava para um “briguedo”. Eu tenho agonia de música. " Então já sabemos que para curar é necessário dar um lugar no coração. Logo, o terapeuta haverá de dizer a essa pessoa: - Oh eu sinto muito, que difícil deve ter sido a sua infância e também de sua mãe. Eu já ouvi dizer, que quem procura o álcool, procura o pai, procura a mãe, procura a felicidade... E, poderá, então, concluir: - Na próxima semana eu gostaria de conversar de novo com você e que você contasse como está cuidando dessa nova criança.

O corpo de dor sempre se mostra por meio dos relatos de sofrimento do passado e ao relatar sobre o sofrimento, ele tem a chance de ser visto. A cura se inicia. A música e o canto são formas poderosas de recuperar o amor da mãe e do pai. O canto é uma forma de liberar o pranto. A música, o instrumento, o som é uma forma de encontrar a mãe. Sistemas com dinâmicas de orfandade materna têm sempre indivíduos que possuem instrumentos musicais antigos e bem cuidados. Essas pessoas estão sob o efeito daquilo que cura o trauma. Elas estão mostrando o segredo.

Para que uma pessoa supere um trauma, é necessário que primeiramente ela reconheça que teve uma justa razão, que houve um motivo, que todo seu sofrimento não foi em vão.

Enfim, "a vida não é fácil pra ninguém”. Essa afirmação pode ajudar a nos tornar mais empáticos e mais resilientes em nossa própria vida.


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