Participo de vários grupos de pais.
Sou terapeuta.
Esta é uma profissão de muitas alegrias e muitos espinhos também. Há que ter estômago de aço e coração de ancião porque, olha, é cada uma que a gente escuta, vê. Nessas horas lembro de minha mãe amada, ela me diria: - Melhor que ser surda, minha filha.
Há algum tempo presenteamos meu pai com um aprimorado aparelho auditivo. Gostamos que ele tenha qualidade de vida. Muitos dias se passaram e ele nada de usar. Um dia, entre um sorriso maroto e outro, ele entregou o ouro:
- E quem disse que eu quero escutar? É cada assunto sem importância...
De seu jeito matuto e simples, ele falou algo que eu penso tantas vezes: até que não seria má ideia um tipo de surdez seletiva... mas, deixa isso para lá... É tão bom ouvir o canto dos pássaros, o barulhinho da chuva... o sorriso das crianças...
Vou continuar escutando e muito bem. Tenho ouvidos de cão: escuto a longas distâncias.
Agora vem o lado difícil e vou falar, porque boca também foi feita para falar, denunciar, orientar. Gosto mesmo disso! Ouvidos apurados carecem de palavras.
Eis:
Absurdo colocar uma criança para pensar.
Elas não têm maturidade neurológica para isso.
O que os adultos devem fazer é explicar porque sim ou porque não.
Depois simplesmente perguntar: - Você compreendeu?
E partir para a ação.
Geralmente elas dizem sim, mas repetirão o erro várias vezes... Até criarem um entendimento sobre isso.
Adultos devem repetir todas as vezes, paciente e alegremente, até que a criança aprenda.
Assim deve ser uma sociedade que honra as crianças, que honra as pessoas.
Talvez vocês estejam pensando... "Nossa! a Mestra está revoltada." Não, não estou não. Só estou indignada.
Tem coisas que não passam. Convivi certa época com um humano que ele mesmo não pensava nada, quase nada. Mas vivia mandando a filha, tão pequena, para pensar, pensar, pensar...
Tenho mais amor pelos inocentes. Sinceramente!
Deus me livre de gente grande, parafraseando o poeta.
OLINDA GUEDES é mãe da Nina e Camila Maria, apaixonada pela vida, escreve com o coração o que cabe em palavras. É mãe de mais outros cinco príncipes na terra, mais uma princesa que está chegando e quatro anjos no céu.
Sempre estão pensando, sentindo, proseando, amando, aprendendo. Todos juntos.
Conduz, no Instituto Anauê-Teiño, a Escola Real de Saberes Úteis. Uma iniciativa cujo objetivo é trocar saberes das diversas ciências com o propósito de uma vida mais feliz, próspera e saudável.
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