Por vezes me deparo com frases do tipo: Não! Você não está com câncer! Você não tem fé? Você não acredita que já está curada? Aos poucos me dou conta que ter uma doença não é sinal de fraqueza na fé ou no relacionamento com Deus.
Escuto de tudo.
Ah, você tem que acreditar que está bem! Não, você não está sentindo dor, é psicológico, psicossomático. Precisa constelar essa dor! Já olhou para as dores do seu sistema? Mas está doendo muito?
E quando toco no assunto, por vezes alguns dizem: ah, mas vai ficar tudo bem! E logo mudam de assunto porque é difícil olhar para a dor do outro! Para muitos, há a compreensão de que quanto mais a gente sofre mais Deus estará reconhecendo nosso sacrifício.
Como se fosse necessário pagar alguma penitência.
Pelo que conheço existe uma passagem bíblica que diz que Ele levou sobre si pecado e dor. O Deus que eu conheço é bondoso, compassivo misericordioso e tem para mim uma vida boa, perfeita e agradável. E me ensinou que posso viver um céu aqui na terra mesmo! Mesmo que lá na Bíblia diga que na vida teremos aflições ele nos dá esperança! E diz: Eu venci!
Ou seja, cuidar das dores que sentimos não é pecado! Sentir dor ou ter uma doença grave não é falta de fé! Acontece que após um tratamento agressivo como o que eu fiz, nosso corpo realmente não tem como ser o mesmo que antes. E que mesmo que eu disponha de recursos emocionais para acessar essas formas de solução, chega um ponto que foge a minha alçada porque a dor passa a ser física.
É preciso de intervenções humanas/médicas.
Se todos iremos passar por aflições porque insistirmos em amenizar nossos sofrimentos evitando falar deles e até negando-os? O Deus que eu conheço quer que eu tenha uma vida próspera, saudável e feliz! Significa que para isso, preciso de recursos, conhecimento, estrutura para cumprir o que Ele mesmo me trouxe no mundo para fazer.
Falar de Cuidados Paliativos é cuidar da dor, da espiritualidade, da conexão com a família, com a sociedade. É respeitar as crenças e decisões dos pacientes sem julgamento.