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IDENTIFICANDO AS LEIS DO AMOR

IDENTIFICANDO AS LEIS DO AMOR
Marineide Silva
fev. 9 - 8 min de leitura
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O velho avô e o neto

“Era uma vez

Um homem idoso (ordem/antecessor, tem precedência), cujos olhos ficaram embaçados, os ouvidos surdos e tremiam-lhes os joelhos. Quando ele, então sentava-se à mesa e mal podia segurar a colher, derramava sopa na toalha da mesa, e escorria-lhe também um pouco pela boca.

Seu filho e a esposa (chegaram depois/sucessores) deste ficavam enojados, e por isso, finalmente, o avô teve de sentar-se por trás do fogão, num canto (pertencimento/exclusão), e eles lhe davam de comer em uma tigelinha de barro e, ademais, nem sequer o bastante (equilíbrio/dar e receber); pesaroso ele olhava de relance para a mesa, e seus olhos enchiam-se de lágrimas.

Certa vez suas mãos, igualmente vacilantes, não puderam segurar a tigelinha, que caiu por terra e quebrou-se. A jovem senhora (nora) deu-lhe uma bronca; ele, porém, nada disse e apenas suspirou. Então ela comprou-lhe, por alguns trocados, uma tigelinha de madeira onde ele devia, pois, comer.

Quando eles se sentaram, então o pequeno Engel (neto/sucessor), de quatro anos, começa a juntar do chão pequenas tabuinhas: “O que esta fazendo?”, perguntou o pai (sucessor do vô, antecessor de Engel). “Estou fazendo uma gamelinha para papai e mamãe comerem nela quando eu crescer”, respondeu a criança.

Então, o homem e a mulher entreolharam-se por um instante, por fim começaram a chorar, foram imediatamente buscar o velho avô para a mesa e, daquele momento em diante, permitiram-lhe comer junto com eles, e nada diziam quando ele derramava um pouco de sopa” (a ação do menino os fez constelarem e mudarem o destino daquele sistema).


Podemos tirar dois ensinamentos desta fábula, transmitida pelos Irmãos Grimm. Primeiramente num olhar sistêmico, fica claro a violação das Leis do Amor:

Lei da Ordem – “Um homem idoso, cujos olhos ficaram embaçados, os ouvidos surdos e tremiam-lhes os joelhos”. O avô é antecessor, chegou antes é grande, tem a precedência no sistema. Mas o filho, sucessor e a nora chegaram depois, e violaram a hierarquia. Seu filho e a esposa deste ficavam enojados, e por isso, finalmente, o avô teve de sentar-se por trás do fogão, num canto.

Lei da Reciprocidade – O avô deu a vida e criou o filho/esposo. E agora o que ele recebe em troca, “eles lhe davam de comer em uma tigelinha de barro e, ademais, nem sequer o bastante”. Depois ganha uma “tigelinha de madeira” comprada por “alguns trocados”, R$1,99 para nós! É desproporcional pelo que receberam não só em patrimônio, mas a vida do filho, do esposo, bem imensurável. Falta de gratidão!

Lei do Pertencimento – O vovô faz parte. Tem seu lugar na família. E o filho e nora o excluem, “o avô teve de sentar-se por trás do fogão, num canto, e eles lhe davam de comer em uma tigelinha de barro”. Ele tem direito de sentar-se a mesa enquanto família.

Ordens da Ajuda também podem ser identificadas nesta fábula. Ora sendo praticadas, ora sendo violadas.

Primeira ordem da ajuda – dar o que tem, tomar o que somente necessita. Muitas vezes não agimos de tal forma por mera maldade. Mas infelizmente e/ou felizmente, é o que temos para oferecer e quem sabe o outro pra receber! Por isso não devemos julgar.

Segunda ordem da ajuda – Nos submeter às circunstâncias: “pesaroso ele olhava de relance para a mesa, e seus olhos enchiam-se de lágrimas. Certa vez suas mãos, igualmente vacilantes, não puderam segurar a tigelinha, que caiu por terra e quebrou-se”. Qual seria a desordem. – Negar ou encobrir circunstâncias. Impor ajuda.

Terceira ordem da ajuda – Relação de adulto a adulto:

Qual desordem? Tratar o vô, que era pai e sogro como uma criança. “A jovem senhora deu-lhe uma bronca; ele, porém, nada disse e apenas suspirou. Então ela comprou-lhe, por alguns trocados, uma tigelinha de madeira onde ele devia, pois, comer”. Embora limitado, ele é adulto e deve ser tratado como tal.

Quarta ordem da ajuda – Empatia Sistêmica: “Então, o homem e a mulher entreolharam-se por um instante, por fim começaram a chorar, foram imediatamente buscar o velho avô para a mesa e, daquele momento em diante, permitiram-lhe comer junto com eles, e nada diziam quando ele derramava um pouco de sopa”. Aqui praticando no polo positivo esta ordem.

Mas anteriormente a violaram: “...mal podia segurar a colher, derramava sopa na toalha da mesa, e escorria-lhe também um pouco pela boca. Seu filho e a esposa deste ficavam enojados, e por isso, finalmente, o avô teve de sentar-se por trás do fogão, num canto...”. Qual desordem antes – Estavam num relacionamento pessoal e excluíram a mesma pessoa. Não honraram pessoa especial.

Entre casais a empatia cognitiva deve sobrepor a empatia emocional. Só assim será capaz de ajudar! Pois perceberá o sofrimento, se conectará ao outro, mas sem sentir a dor. Sem tomar para si. O que na empatia emocional não acontece.

Quinta ordem da ajuda – O amor a cada um como é: “Estou fazendo uma gamelinha para papai e mamãe comerem nela quando eu crescer, respondeu a criança”. Não estava julgando, ameaçando. Simplesmente entendera que era esse o proceder!

 Qual seria a desordem? – Indignar-se. Fazer julgamento.

Os ensinamentos sistêmicos orientam para o não julgamento, e claro que, ao fazer o relato acima, fica claro certo grau de julgamento!

Mas a mensagem aqui é também de que é preciso observar as crianças, o nosso entorno, assim como mostra o livro “Descobrindo Crianças” de Violet Oaklander, e “Além do Aparente” de Olinda Guedes, que as crianças nos ensinam! E precisamos ter uma percepção para ver além! Como diz Olinda Guedes: “O campo informa”.

Outro ensinamento numa visão espiritualizada do Monge Beneditino Anselm Grün:

“Os relacionamentos entre idosos e jovens estão expostos hoje a dois perigos: o da ilusão da juventude e o da condenação da juventude. Quanto ao primeiro perigo, as pessoas idosas glorificam a juventude e procuram imitá-la. Isso, porém, resulta bastante ridículo.

Elas querem também, como idosas, parecer sempre mais jovens porque, no fim das contas, rejeitam a própria velhice. Outra forma de recepção malsucedida da velhice consiste em condenar os jovens. Acha-se que tudo neles é ruim. Quando pensam a própria juventude, tudo era melhor. Esquecem-se das peças que então pregaram nos adultos. E não se lembram das preocupações que causaram a seus pais.

À medida que insultam a juventude, desviam-se da própria velhice e, no final, da incapacidade de reconciliar-se com a própria idade e de apreciar o valor da velhice. A partir de nosso modo de falar, reconhecemos nossa postura no confronto com o envelhecimento. O modo segundo o qual os idosos falam a cerca dos jovens mostra sua própria reconciliação e se não apaziguamento consigo mesmos.

Em sentido inverso, a fala dos jovens sobre os velhos revela sua postura perante a vida. A partir daí, reconhecemos se eles encaram o processo do próprio envelhecimento ou se reprimem, e tudo o que está ligado a isso projetam sobre os velhos”.

 

Alecrim, erva da alegria e proteção.


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