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JESUS, O FILHO DO HOMEM

JESUS, O FILHO DO HOMEM
OLINDA GUEDES
abr. 15 - 3 min de leitura
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Jesus, o filho de minha filha, nasceu aqui em Nazaré no mês de janeiro. E na noite em que Jesus nasceu, fomos visitados por homens do Oriente. Eram persas que vinham do Estraelon a caminho do Egito. E por não terem conseguido lugar nas hospedarias, buscaram refúgio em nossa casa.

Dei as boas vindas e disse-lhes: “Minha filha deu a luz um filho esta noite. Confio que me perdoeis se não vos servir como convém a uma boa hospedaria”. Eles agradeceram a hospitalidade. Logo depois da ceia, disseram-me: “Gostaríamos de ver o recém-nascido”.

O filho de Maria era bonito, ela também era formosa.

Quando os persas viram Maria e seu bebê, tiraram ouro e prata de seus sacos, mirra, incenso e puseram-no aos pés da criança.

Depois prosternaram-se e rezaram em um idioma estranho que não compreendemos.

Ao serem conduzidos ao seu quarto de dormir, andavam como que assombrados com o que tinham visto.

Amanhecendo, despediram-se e seguiram para o Egito.

Mas, antes de partir, falaram-me e me disseram: “A criança tem apenas um dia, porém vimos a luz de nosso Deus nos Seus olhos e o sorriso de nosso Deus nos Seus lábios. Rogamos-lhe protegê-Lo a fim de que vos proteja a todos”.

Dito isto, subiram nos seus camelos, e não os vimos mais.

Maria não parecia tão feliz com seu primeiro filho quanto cheia de deslumbramento e de surpresa.

Contemplava-O longamente. Depois virava a face para a janela e fixava seu olhar ao longe no céu como se estivesse vendo visões.

Havia vales entre seu coração e o meu.

A criança cresceu em corpo e em espírito. Era diferente das outras crianças. Era solitário e difícil de dirigir. Eu não podia ter mão Nele.

Em Nazaré todos O amavam e no meu coração sabia o porquê. Muitas vezes levava nossa comida e a oferecia aos transeuntes, distribuía também a outras crianças os doces que Lhe havia dado, sem sequer prová-los.

Escalava as árvores do meu pomar para colher frutas, mas nunca as comia.

Disputava corrida com as outras crianças, mas como era ligeiro, atrasava-se de propósito para deixá-las atingir o alvo antes Dele.

As vezes, quando O punha na cama, dizia-me: “Dize à minha mãe e aos outros que somente meu corpo dormirá. Meu espírito estará com eles até que seus espíritos venham para meu amanhecer”.

Muitas outras palavras assombrosas. Ele dizia em sua infância, mas já estou muito velha para me recordar.

Agora, dizem-me que não O verei mais. Mas como acreditar no que dizem?

Continuo a ouvir Seu riso e o barulho de Suas correrias na minha casa. E todas as vezes que beijo a face de minha filha, Sua fragrância volta ao meu coração. Parece-me que Seu corpo está em meus braços.

Mas não é estranho que minha filha nunca me fale de seu primogênito?

As vezes, parece que minha saudade Dele é maior que a dela.

Ela permanece firme perante os dias como se fosse uma imagem de bronze, enquanto meu coração se derrete e corre em rios. Talvez ela saiba o que não sei. Pudesse ela contar-me o que sabe.

 

(Gibran Khalil Gibran, no livro JESUS, O Filho do Homem)

 


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