De Santa Catarina, chega a indagação:
“- Qual seu entendimento sobre as visitas aos lares de adoção? Conheço algumas comarcas aqui da região (principalmente onde o magistrado é novo), que estão proibindo esse contato entre pessoas interessadas em adotar e as crianças que ali estão. Qual seu entendimento frente a essa situação? Eu particularmente sou contra, pois sou mãe de 5 (crianças) e, apesar de sempre pensar em adotar, o fato de visitar e conviver com algumas crianças na casa lar do meu município despertou minha vontade mais ainda.”
Amei o termo “lares de adoção”. Todos os lares devem ser de adoção. Adotar vem de “ad optare” (optar). Lares que “ad optam” seus filhos são tudo de bom.
Sávio Bittencourt escreveu a pequena história de Nino e a Casa dos Meninos Invisíveis. Nino e outros meninos moravam numa casa. Ninguém os via.
Alguns acreditam que apenas nas casas de acolhimento há crianças e adolescentes invisíveis. Não é verdade. A invisibilidade está em diversas outras casas. Na semana passada, foi veiculada a notícia de um casal que mantinha os treze filhos aprisionados. Isso é tornar os filhos invisíveis.
O centro da questão é a própria criança. Se tiver à sua disposição um lar adequado, variado e estimulante dará vazão a uma pessoa digna. O lar deve respeitar cada escolha em cada etapa do crescimento, pois cada criança e adolescente é único, sem igual e extraordinário. Os filhos, estejam onde estiver, devem ser visíveis a si próprios e aos outros.
As visitas aos lares de adoção (inclusive à minha e à tua casa) devem assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, colocando-os a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Estão todos convidados à minha casa! Mas não queiram escolher um dos meus filhos para adotar!
Texto de Mario Romano