Feminino + masculino + eu.
Eu, verde.
Escolhi essa cor porque no nosso primeiro exercício na gramática das cores, foi com essa cor que me identifiquei. Eu sou terapeuta reikiana e desde criança as pessoas me pediam chá. Sou neta de índios e bem cedo me ensinaram a mexer com plantas.
Durante muitos anos da minha vida eu sofri de enxaquecas, por vezes ainda sinto fortes dores de cabeça.
Feminino, vermelho.
As mulheres do meu sistema carregam muitas dores de abusos sofridos. Até hoje não houve nenhuma geração que não tenha sofrido essa dor. Eu sofri abusos ainda criança, com cinco anos de idade e por muitas vezes mais. Quando criança eu chorava porque queria ser menino, afinal ser menina era muito perigoso.
O simples fato de comentar isso me causa tremedeira interna. Minha bisa, mãe do meu vô materno, foi uma índia capturada à laço. Aos 44 anos eu tive que retirar o útero.
Masculino, azul.
Os homens do meu sistema sempre foram mais apaziguadores do que as mulheres. Eles vem de um campo do vínculo do amor interrompido, meu pai e o meu avô materno ficaram órfãos de mãe aos dois anos. Vi meu pai e vários tios, primos e até o meu filho, chorarem a morte dos primogênitos.
As mulheres também sofreram com essas perdas, porém, o choro dos homens aperta meu coração pois é um choro silencioso, muitas vezes escondido.
Minhas percepções:
Observando a imagem que se formou na água com os bonecos, senti que ainda tenho um certo medo do feminino, que sinto necessidade de ter mais do masculino, até mesmo para me proteger.
Eu não faço muitas coisas femininas. Quando éramos crianças, nas brincadeiras de casinha eu era com frequência o pai e a minha irmã, a mãe. Eu jogava futebol com meu pai e meus irmãos e na escola eu sempre fui eu responsável por defender meus irmãos nas brigas.
Uma prima sempre conversava comigo e dizia que eu assustava os homens com minhas atitudes nada suaves. Enfim, creio que preciso olhar com boa vontade e mais amorosidade para o meu feminino.
É isso, querida mestra?
Gratidão, Olinda!
Ana Lúcia Silva Rodrigues