Relembro, com carinho, meus dias de infância.
Comecei a fazer um passeio nas minhas lembranças... pelos corredores da saudade, de muitos encontros felizes, quando íamos visitar meus avós maternos.
Lá, eu era recebida com muito amor e carinho!
Chegando lá, abraçava a vovó Carmem, beijava-a e falava:
- Eu estou com muita saudade da senhora... e uma vontade de comer do seu doce de leite...
Vovó já me abraçava e beijava meu rostinho, dizendo:
- A vovó, daqui a pouco, vai fazer o docinho pra você, meu amor!
E eu ficava muito feliz!
Logo mais, a vovó começava a fazer o doce de leite... mexia com amor.
E ali conversando, feliz com a nossa chegada, ela terminava aquele doce, colocava em uma assadeira... e depois colocava em pedaços bem pequenos. Chegava pertinho de mim e pedia:
- Abra sua mãozinha!
Eu abria minha mão... e ela colocava dois pedacinhos e dizia:
- Fiz com amor... coma! Está uma delícia!
Minha avó Carmem era muito simples, muito tímida e de pouca conversa, mas sorria muito e irradiava alegria, por estar ali com os netos, que ela sempre amou e respeitou. Ela nos tratava com amor e carinho!
Eu corria e voltava:
- Vovó, tem mais docinho de leite?
- Filhinha, aqui tem mais. Mas como só mais esse pedacinho... aí amanhã você come mais. Não é bom comer muito doce. Agora vamos passear no pomar e colher frutas, que é saudável.
Lembro que fazia muitas perguntas para a vovó... e, carinhosamente, ela respondia a cada uma das minhas perguntas. Vovó chamava minhas tias:
- Vão passear com ela, que agora vou voltar aos meus afazeres...
Vovó, muito feliz, guardava o docinho para depois. Dalí a pouco, minhas tias seguravam nas minhas mãos, e íamos passear, visitar as crianças da vizinhança. Éramos sempre muito bem recebidas, por todos... e eles faziam elogios... e as crianças eram lindas e educadas:
- Sempre que vier ver a vovó, volta nos visitar... te amamos!
A noite jantávamos, e após o jantar, sentávamos todos à volta dos avós maternos... e ali eles contavam histórias... e também falavam coisas lindas!
No dia seguinte, minha avó acordava cedinho, passava o café, arrumava a mesa com muitas delícias e frutas... e em seguida, ela ia para seu jardim.
Vovó amava rosas! Tinha Rosas de todas as cores e qualidades... sem contar as outras flores, pois ela fazia composição no seu jardim: Margaridas, Adálias... o jardim era encantador! Lindo mesmo!
É muito bom poder relembrar desses momentos com minha vovó Carmem, mas precisaria de 1 ano para escrever todas as qualidades de meus avós maternos. Eram pessoas iluminadas e muito boas... e deu-nos muito exemplo de humildade.
Te amo, vovó Carmem! Até hoje sinto o sabor do doce de leite branco que a senhora fazia pra mim.
Vovó era uma mulher muito limpa. Sinto seu cheiro. Tenho por ela um amor sem igual... saudades eternizadas. Mas sempre, ao ver uma Rosa, ali vejo a minha avó.
Te amo para sempre, vovó Carmem!