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MASSAGEM REPARENTALIZADORA SISTÊMICA NÃO É SÓ TOQUE, NÃO É SÓ TÉCNICA...

MASSAGEM REPARENTALIZADORA SISTÊMICA NÃO É SÓ TOQUE, NÃO É SÓ TÉCNICA...
Neiva Maria de Mattos
mai. 17 - 7 min de leitura
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É tudo isso, mas não é só isso.

Massagem Reparentalizadora Sistêmica é um estilo de vida, é afeto, é carinho, é importar-se, é uma vontade enorme de querer ver o outro se sentir melhor, ser mais feliz, é cuidar do ser, isto é amor.

Amor que nasce na alma, cresce no coração, mas não para aí, desenvolve-se pelo corpo, pelos braços e escorre pelas mãos. E esse mesmo amor inspira e guia cada movimento que toca além do corpo o mais profundo do ser.

Esse afagar a intimidade do outro, permite o acesso a memórias pessoais, transgeracionais, ou simples lembranças, não importa, o importante é a amorosidade com que alguém acolhe a vida. Tudo isso, desde o aperto de mão na chegada até o abraço de despedida, são movimentos de cura.

Quando busquei essa formação, eu já tinha uma lista de espera de 8 clientes, quando voltei do curso já eram 17 e com que alegria receberam a notícia de que havíamos feito um compromisso de voluntariado, o que eu, como professora que sou, chamei de estágio não remunerado. Realizei bem mais que dez encontros, pois alguns deles voltaram duas, três e até quatro vezes.

A minha casa viveu dias de intenso movimento, movimento este que só foi interrompido com o surgimento da pandemia que obrigou cada qual voltar para sua própria casa.

Mas, como eu gosto de dizer: “não acredito em coincidência, creio mesmo é na Providência” e a Providência Divina quis que fosse assim, para que aquela cliente que no texto “Eu amei todos eles” eu chamei de a sexta cliente, tivesse toda a minha atenção.

Por isso eu digo que essa Massagem Sistêmica faz milagres. Lembrando que nem sempre os milagres acontecem num piscar de olhos. Quando lemos a história da criação na Bíblia, costumamos dizer que o Criador fez tudo com um “faça-se”...

Mas quando prestamos mais atenção, percebemos que o relato é um lindo processo de sete dias. Independente da crença, acho lindo ver o milagre como um processo.

Nós, eu e a cliente estamos vivendo esse processo. Ela apresentava muitas dores, problemas sérios na coluna, já tendo consultado vários médicos, e a dor só aumentando, e as consultas eram assustadoras, numa delas eu estava presente, pois somos amigas há 28 anos, e nessa consulta ouvimos que poderia perder os movimentos, um outro médico disse que poderia perder o controle de intestinos e bexiga, o que deixava uma perspectiva cada vez mais triste. 

Nessa busca, tomou diversos medicamentos e submeteu-se a alguns procedimentos com nomes bem diversificados.

No meio disso tudo, dois encontros de Massagem Reparentalizadora Sistêmica. E aí começa o processo do milagre na jornada da cura.

Numa quinta-feira à tarde, ela e o esposo passaram pela escola onde trabalhamos, para me avisar que estavam indo ao Pronto Socorro, pois as dores estavam insuportáveis.  Imaginavam o que é comum nesse tipo de atendimento, no nosso sistema de saúde: coloca-se um medicamento num frasco de soro, fica-se um tempo em observação e volta para casa e continua a peregrinação pelos consultórios.

Mas nesse dia, foi diferente, encontraram pela Providência (não por acaso), um médico cirurgião especialista em coluna, que providenciou a internação imediata, (o que não é comum no nosso sistema), no dia seguinte quando fui visitá-la, já estava com a cirurgia marcada, rapidez essa que não faz parte do cotidiano do nosso Plano de Saúde, pois depende de autorizações... mas o fato é que na segunda-feira já estávamos no centro cirúrgico. Nos três dias que antecederam a cirurgia, fiz massagens da forma que era possível numa cama de hospital, presa aos frascos de soro, massageando os pés e pernas, os braços e mãos, o rosto e aquele “cafuné” na cabeça.

Na quinta-feira seguinte, exatamente oito dias depois da entrada no pronto socorro, ela estava voltando para casa. E quis a Providência, que no momento da alta médica eu estivesse lá. A família decidiu que o melhor seria eu conduzi-la nessa volta, pois o carro deles é muito alto e seria desconfortável para ela.

Assim continuamos a nossa jornada de cura. 

Uma vez em casa, toda a família se desdobra em cuidados, mas providencialmente, a tarefa do banho sobrou para mim. No primeiro dia, o momento do banho foi quase um espetáculo público, todo mundo querendo ajudar.

Do segundo dia em diante fui estabelecendo critérios “sistêmicos”, e transformamos esse momento de simples higienização em verdadeiros encontros de Massagens Reparentalizadoras Sistêmicas.

Levamos para o chuveiro uma cadeira (pois ela ainda não pode permanecer em pé), e o aparelho de som com as músicas de ninar, e com bucha e sabão procedo os movimentos de ondas, amplos, circulares, sempre com as duas mãos, massageando com toques firmes e suaves, todo o corpo, com muita reverência,  iniciando pelas costas e terminando pelos pés.  

Lembro-me de um dia ter ouvido a professora Olinda Guedes falando sobre o momento do banho de sua filhinha Nina, isso me inspira e me proporciona um total estado de presença.  Em alguns momentos, desligo o aparelho e vou cantando ou sussurrando algumas antigas canções de acalanto enquanto desenvolvo esse instante de acolhimento.

Depois, quando já vestida, inclusive com o colete que a mantém imobilizada, deitada na cama,  torno a massagear as pernas, os braços e o rosto. Num desses momentos ela acessou uma lembrança da infância, talvez tivesse uns dois ou três anos, quando um tio a colocou, juntamente com um priminho também pequeno, em cima de um cavalo e nesse trajeto, ela caiu de costas. Perguntou-me se não teria começado ali os seus problemas na coluna. Respondi que biologicamente eu não saberia dizer, se teria sofrido alguma fratura e que não tenha sido curada corretamente, mas que emocionalmente, possivelmente aquela memória de dor estivesse presente. 

Conversamos um pouco mais sobre isso, entramos em sintonia com aquele tio e repetimos as afirmações que aprendi nas práticas das constelações sistêmicas... “eu vejo você”... “sinto muito”... deixando no passado essas dores e trazendo para o presente o empoderamento para tocar a vida para a frente.

Assim seguimos nessa caminhada de cura que eu chamo de milagre em processo.

Sabemos que ainda temos um longo caminho pela frente, mas tenho certeza, a massagem que devolve a alguém o afeto, o carinho, o sentido de pertença e todo o estímulo positivo que lhe é direito e não pode ser  usufruído na infância, tem feito uma grande diferença nessa jornada.

Gratidão por ter aprendido massagear, reparentalizar, curar e amar com as mãos.

 

 

 


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