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Medo de bicho-papão: A criança que vive em nós

Medo de bicho-papão: A criança que vive em nós
Silvia Costa
jan. 28 - 4 min de leitura
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Tenho me debruçado sobre livros e pesquisas a respeito da criança interior. Mas, houve um tempo em que eu tinha um pouco de dificuldade com esse termo. Lembro-me de quando ainda era uma no auge dos meus 25 anos e pensava: “Mas que raio que significa criança-interior?” Não fazia sentido algum… “Como assim, criança interior?”

Bem, há explicações muito boas e um tanto complexas… Mas eu vou explicar como se estivesse explicando para mim, com 25 anos…

A maioria de nós tem lembranças inconscientes de traumas de nascimento e infância. Para entender o que pode ser um trauma assim, precisamos nos colocar no lugar da criança que passa por ele, ou em situação similar. Por exemplo: imagine que você está no pico do seu sono, todo enrolado nas cobertas… bem quentinho… talvez você esteja ouvindo alguma coisa… tudo está tão confortável e gostoso… tudo ali é maravilhoso… Mas, de repente entram cinco pessoas que você nunca viu no seu quarto… umas roupas estranhas… iguais. Elas arrancam sua coberta de uma vez e acendem, bem no seu rosto, uma luz tão forte que te cega! Sem o conforto das cobertas, você sente um frio quase polar… Você não está entendendo nada do que está acontecendo, e, como se já não bastasse, te dão um tapa suficiente firme para te assustar. Confuso, com frio e assustado, você chora muito… Eles não ligam. Levam você a um lugar completamente estranho e te deixam lá esperando até você sentir muita fome.

Se você conseguiu imaginar vividamente essa situação, e se sentiu, por algum momento, desamparado, então você entendeu o que é um trauma de nascimento.

Existem os traumas de infância também. Por exemplo, eu me lembro de minha mãe, ou algum adulto em que eu confiava muito rir de mim sobre coisas que me eram tão difíceis! Poxa, será que eles não percebiam meu sofrimento?

É claro que hoje somos capazes de compreender que às vezes o parto cesariano é necessário, embora possa ser transformado numa experiência muito melhor do que a narrada. Sabemos hoje, que nossos pais não nos ridicularizaram, muitas vezes estavam apenas rindo de algo engraçado.

A questão é que na época em que passamos por isso, não tínhamos condições de entender. Passamos pela experiência traumática, tivemos percepções negativas sobre ela e finalmente registramos crenças que guiam nossas vidas inconscientemente até hoje!

Se não trabalhamos essas percepções é como se ainda houvesse dentro de nós uma criancinha zangada, muito brava ou apática, aguardando uma resolução. A essa pedrinha preciosa, que guarda consigo as estruturas de nossas crenças, damos o nome de “criança interior”.

As crenças guiam nossa vida no modo “piloto automático”. Se você vive tentando mudar algo na sua vida, se esforça muito e nunca consegue, você sabe do que estou falando.

Como temos experiências de nascimento e infância muito parecidas, percebo que algumas crenças são gerais:

  • Não é seguro ser vulnerável
  • Não é seguro me expor
  • Não é seguro precisar de ajuda
  • Não é seguro depender de alguém
  • Não é seguro confiar nas pessoas

Todas essas coisas doem e a dor não é boa.

Mas para a vida adulta funcionar, alguns contrapontos a essas crenças surgem:

  • É possível amar sem se colocar numa posição de vulnerabilidade?
  • É possível criar sem se expor?
  • É possível se desenvolver sem ajuda?
  • É possível sobreviver bem sozinho?
  • É possível fazer parcerias sem confiar?
  • A mudança (o parto) é possível sem nenhuma dor?

Como adultos curados, podemos entender que a vida é feita de um equilíbrio delicado entre dar e receber. Não é possível a colheita, sem o trabalho.

Não teremos o relacionamento que buscamos se não aprendermos a nos colocar novamente vulneráveis. Patinaremos nos nossos negócios por medo de nos expor. Demoraremos muito mais para nos desenvolvermos sozinhos. Perderemos lindas amizades se não confiarmos. Ficaremos estagnados numa vida infrutífera e entediante sem a mudança…

Agora, que já sabemos tanto sobre nós! Podemos fazer tudo isso com mais segurança, poderemos cuidar de nós mesmo, conseguiremos nos levantar! Não somos mais completamente dependentes! Já passamos por vários “partos”. Somos fortes e potentes. Conseguiremos cuidar dessa criança, e viver a maturidade. O bicho-papão foi embora.


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