Para contar minha memória afetiva, inicio contando como se deu a vinda de uma parte da minha família da cidade Ribeirópolis – SE cidade natal de meus avós maternos e paternos e dos meus pais.
A filha da minha bisavó Nonona, Maria de Lurdes, com apenas 20 anos, saiu de casa, fugida em busca de novos horizontes em outra cidade, pois a vida em Ribeirópolis era de muita escassez, vindo parar no Paraná, após muita luta e estabelecida, em São José dos Pinhais, conseguiu trazer meu tio Maximino, sua mãe Nonona, meus pais e por último os meus avós maternos, os avós paternos permaneceram na região até serem chamados para junto do Pai.
Na alimentação da minha família nunca podia faltar farinha de mandioca e feijão preto, alimentação típica dos nordestinos, que matou a fome do nosso povo, e a lembrança de minha avó materna Anita colocando feijão no prato e misturando com a farinha e com as mãos, preparando bolinho de feijão com farinha de mandioca, em outro prato o molho do frango com pimenta e após, mergulhava o bolinho no molho e levava a boca com um prazer tamanho. É imensurável imaginar que delícia era comer com ela esses bolinhos... e o mais incrível foi que já adulta, casada e engravidei da minha filha Talita, apresentei um desejo imenso de comer o bolinho. Tentei fazer, mas não tinha o mesmo sabor e minha avó quando soube do meu desejo, me convidou para ir na sua casa e quando cheguei, ela tinha preparado uma surpresa, pois estava me esperando com o feijão preto na panela, carne de frango com bastante molho. A acompanhei no passo a passo relembrando meu tempo de criança junto com ela, pegando a farinha com a mão e aos pouquinhos colocando no prato, fazendo os bolinhos para mergulhar no molho e saborear o manjar dos deuses.
É muito prazeroso relembrar esses momentos, é como sentir hoje o sabor que senti há 22 anos com a minha memória afetiva revivendo esse amor. Essas lembranças afetivas trazem tamanha gratidão no meu coração, aos meus avós maternos e paternos pela vida dos meus pais, tios que sobreviveram à seca, falta de alimento, trabalho duro na roça onde a vida brotou com força em seus filhos, hoje casados, são mães, pais, avós... graças ao sim de José Barreto Sobral e Maria Anita Sobral, avós maternos e avôs paternos Manoel Roseno dos Santos e Maria Alves de Lima, bisavós, tataravós.
Minha eterna gratidão, vocês são certos para mim.