Tive uma infância muito difícil, órfã de mãe aos 3 anos. Morei com minha avó materna, que vivia separada do meu avô. Ela era uma pessoa muito sofrida, amarga, autoritária, não cuidava de nós (eu e meus irmãos). Cada um cuidava de si e meu irmão mais novo me chamava de mãe. Eu cuidava dele, dava a mamadeira, comida, água, etc.
Eu não gostava que ele me chamasse de mãe e brigava com ele, mas, ele continuou até entender que eu não era a sua mãe. Hoje eu sei e gostaria de poder reparar essa dor que eu causava a ele, involuntariamente. Eu também queria chamar alguém de mãe, mas não encontrei.
Minhas irmãs mais velhas, uma com 9 anos, e a outra com 5 anos, penso que souberam lidar melhor com a ausência da mamãe. Dez anos após a morte dela, meu pai também faleceu, nos meus braços e da minha irmã do meio. Foi outra perda muito sofrida e difícil de suportar. Nossa vida teve uma grande mudança, eu estava terminando o 5º ano primário e logo fui trabalhar no comércio para ajudar a manter a casa.
Com todos esses emaranhamentos e vínculos de amor interrompidos consegui sobreviver e nunca me senti infeliz.
Eu considerava que tudo o que eu passava era normal e que um dia teria fim. Eu acreditava que minha história teria um final feliz. Embora tenha demorado algumas décadas para acontecer, chegou graças a Deus e eu pude reconstruir a minha vida pessoal e profissional.
Eu sou feliz! Amo viver!