Bença mãe, bença pai, bença vovó Maria, bença vovô Manuel, bença vovô Antônio e vovó Brasilina.
Que pena que na minha infância, a nos era negado participar da vida familiar, ninguém contava nada da vida, a criança não podia e não devia saber de nada. Mesmo assim quero agradecer a todos por fazerem parte da minha história. Se vocês não tivessem vencido tantos obstáculos, crises, desafios, agonias, solidão, abandono, etc...
Hoje eu não estaria aqui, escrevendo essa carta, ou melhor, eu não existiria.
Quero agradecer aos meus avôs paternos, vovô Antônio e vovó Brasilina, por terem educado tão bem o meu querido pai, ele é fruto de uma família de tinha valores e hierarquia. Meu pai foi um grande homem, educado, humilde, trabalhador, responsável, respeitador, que soube amar e cuidar dos seus quatro filhos, principalmente após a morte de minha mãe aos 28 anos, deixando quatro crianças pequenas.
A Maria Aparecida com 9 anos, a Elenice com 5 anos, eu com 3 anos e o Aldemir com 8 meses.
Ele cumpriu o prometido à minha mãe, não se casou novamente e viveu conosco na casa de minha avó materna Maria. Ela era muito autoritária, preconceituosa, triste, agoniada, não viveu bem a vida, então ela não sabia amar, dar carinho e algumas vezes culpava eu e meus irmãos do trabalho que dávamos a ela. Meu pai sofreu muito nesta casa, mas não nos abandonou.
De minha mãe não tenho nenhuma lembrança e nem um retrato, nada sei dela.
O vovô Manuel (materno) era uma pessoa maravilhosa, conversava conosco, era presente em nossa vida, valorizava os estudos. Ele sempre me dizia: "Você vai ser uma grande mulher, você fala muito bem, deverá ser uma advogada".
Realmente estudei, queria fazer direito, mas o meu marido não deixou, impondo que se eu quisesse estudar deveria fazer magistério e assim aconteceu.
Meu avô materno era português e veio para o Brasil de navio (nada sei sobre sua viagem). Minha avó materna era filha de italianos que imigraram para o Brasil, se instalando na cidade de Quatis, estado de Rio de Janeiro para plantar café. Também não sei detalhes dessa viagem e nem sobre a vida deles em Quatis.
Quero pedir perdão a todos, se de alguma maneira os ofendi ou fiz sofrer.
Estejam certos, eu já perdoei àqueles que me magoaram ou me fizeram sofrer de alguma forma.
Só me resta pedir a Deus, que tenha piedade e misericórdia de suas almas, perdoe seus pecados e os encaminhem à vida eterna.
Saudades!
Gratidão!