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MINHA FAMÍLIA, MEU SISTEMA, MINHA VIDA

MINHA FAMÍLIA, MEU SISTEMA, MINHA VIDA
GEYSA NEY RODRIGUES DOS SANTOS
jan. 28 - 4 min de leitura
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Meus pais tiveram uma vida bem humilde e muito difícil. Ambos são nordestinos, de origem sertaneja, vivos. Meu pai tem 72 anos e minha mãe 70 anos.

De acordo com os relatos, meu pai saiu de casa quando tinha 16 anos de idade, pois a família passava necessidades. Ele não aprendeu a ler, foi a mamãe que o ensinou a assinar o próprio nome. Só retornou a casa da mãe depois de casado e pai.

O pai dele, meu avó, faleceu quando ele tinha oito anos de idade. Todos são do Ceará, mas na época que meu avô morreu a família do meu pai morava no Maranhão. Fugiram da seca. Os familiares do meu bisavô tinham algumas posses e durante a partilha de bens então os irmãos (do meu avô), não deram a parte que cabia a ele a minha avó paterna. Ela era viúva com seis filhos pequenos.

Conheci ela, uma sertaneja lavradora, guerreira. Meu pai relata os sofrimentos que passou quando saiu de casa muito novo. Sofreu bastante, passando até fome. Quando começou a trabalhar, a minha mãe escrevia para a minha avó e mandava pequenas quantias de dinheiro.

Sempre admirei meu pai pela sua garra, pela fortaleza. É uma pessoa de fé inabalável. Já foi um tanto grosseiro quando mais novo mas hoje tem uma sabedoria que encanta. Conheci alguns tios, alguns ainda vivem. Outro nunca conheci e pouco falavam dele por se tratar de ser uma pessoa extremamente difícil. Como diziam no sertão, é uma “pessoa valente” que não leva desaforo para casa. Pouco se falava dele e não se sabia onde morava, pois vivia mudando de cidade. Ele morreu em 2015 com mais de 90 anos.

Minha bisavó era parteira e rezadeira afamada na região.

Minha mãe conheceu o meu pai quando tinha 17 anos de idade. Nasci quando ela tinha 18 anos. É uma mulher de origem muito humilde que também passou muitas necessidades e vem de uma família muito religiosa, de muita fé. Começou a trabalhar com oito anos de idade, fazendo bordados à mão e a máquina, pois essa arte faz parte da família.

Meu avô materno era vaqueiro e trabalhava para manter a família. Era alcoólatra. Tenho mais aproximação com a família da mamãe, conheci todos os tios. Alguns já morreram, pessoas humildes e de muita simplicidade. Minha mãe entrou na escola mas não chegou a se formar. Hoje participa fervorosamente da Igreja Católica, já passou por muitas provas na vida. Às vezes acho que se tornou uma pessoa endurecida. Ela sofre de ansiedade generalizada e usa medicação.

Eu sou a filha primogênita, somos 4 irmãos, duas mulheres e dois homens. A minha irmã (segunda filha) faleceu no parto do primeiro filho, aos 24 anos de idade. O filho dela foram os meus pais (avós maternos) que criaram.

Hoje vejo todo nosso sistema familiar com um olhar de respeito e de honra, entendendo que cada um viveu de acordo com o seu tempo, com erros e acertos.

As Constelações me proporcionaram mudanças na minha forma de ver toda essa trajetória dos meus pais, avós, bisavós. De toda a minha ancestralidade. Aceito-os como são. Ainda tenho uma longa caminhada a percorrer para trabalhar os emaranhamentos, as ressonâncias pessoais e as transgeracionais.

Como diz Olinda Guedes, “cura é jornada”.

 

Image by Sheila Studio


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