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MINHA RELAÇÃO COM O TEMPO E O DINHEIRO

MINHA RELAÇÃO COM O TEMPO E O DINHEIRO
Sandra Regina Dias Amorim
jan. 22 - 7 min de leitura
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Podemos começar dizendo que tempo é mãe e dinheiro é pai.

A mãe organiza, administra, faz dar, precisa colocar tudo dentro da linha do tempo.

Quem não consegue se organizar ou que está sempre atrasado, correndo atrás do tempo, que vive dizendo não ter tempo para nada, precisa olhar para a sua relação com a mãe e com o feminino do sistema.

Dinheiro é pai, o pai representa o sustento, a providência. Claro que hoje muitas mulheres tem também essa função. Sim, mas sistemicamente falando essa é uma imagem paterna, desde a antiguidade os homens saiam caçar, eram os responsáveis pelo sustento, pela força, pela proteção.

Se temos problemas para ganhar dinheiro, se manter no trabalho, escolher uma profissão que nos dará sustento, se temos dificuldade em cobrar pelo que fazemos e tudo isso gera em nós insatisfação, precisamos olhar para o nosso relacionamento com o pai e com o masculino do sistema.

Me colocando como exemplo nessa situação digo que minha mãe tinha uma visão equivocada do masculino em sua vida.

Teve um pai alcoólatra e minha avó precisou fugir de casa com os filhos pequenos para protegê-los.

Eles passaram muitas dificuldades e por isso a escassez era muito presente em sua vida. Isso trouxe para ela algumas atitudes de viver sempre na falta, de nada ser suficiente.

Ela também trazia consigo a imagem de que os homens da nossa família não sabiam lidar com dinheiro, principalmente meu pai. Dizia que ele puxou ao meu avô e jogava dinheiro fora.

Suas acusações contra meu pai duraram uma vida toda.

Ela também nos tratava com aspereza e cobrança excessiva, talvez por medo de não darmos conta da vida. Isso nos machucou muito, sua postura castradora e desvalorizadora em nossas decisões, não nos garantiram firmeza diante das escolhas.

Então fizemos escolhas para garantir a subsistência, e não por amor às profissões. Nossa necessidade era provar apenas que éramos dignos e trabalhadores.

Como se fosse fácil fazer isso né, quando na verdade, estamos sofrendo.

Hoje eu sei que ela fez o seu melhor e que esse padrão de escassez estava em sua memória de orfandade de pai.

Foi necessário então, que eu olhasse pra isso, aceitasse. Minha mãe fez o melhor que pode com as forças que tinha. Sou grata por tanto! E me vi na necessidade de me reconciliar com a figura do meu pai dentro de mim. Sim.

Faz parte de mim, está em mim essa negação à prosperidade. Essa ideia negativa do dinheiro, de ser sujo, para coisas erradas, para libertinagem.

A ideia de que em nossa família somos pobres e que temos pouco. Que precisamos guardar e evitar adquirir "demais", só o necessário. Trago em mim a imagem de um pai e avô fracos para os negócios, irresponsáveis, incapazes.

Agora eu sei que essa imagem pode ser ressignificada.

Eu coloquei essas afirmações no presente, porque não é uma mágica. É um trabalho diário de reconciliação com o que foi, e com o que pode ser. Todos os dias, quando eu me percebo reclamando, me sentindo incapaz, quando tenho medo de algo não dar certo, quando me sinto na falta. Eu logo me proponho ao mais. Agradeço, agradeço, agradeço, e me desafio. Mudar um padrão exige esforço, consciência, querer...

Ao meu avô eu agradeço por ele ser como foi, com as forças que tinha, por seus talentos e seus negócios que sustentaram a família e que seus filhos e netos deram continuidade.

Tudo chegou até nós com seu esforço e competência.

Não julgo suas escolhas, certamente ele fez o que acreditava ser certo no momento, com as forças internas que tinha. Aqui sou pequena, sou apenas sua neta.

Deixo com ele as suas escolhas e peço permissão para que eu possa fazer um pouquinho diferente do que ele fez, com todo respeito e gratidão.

Peço a bênção para que eu tenha uma vida próspera e feliz.

Ao meu querido pai, a quem eu tenho uma grande admiração um amor profundo.

Eu preciso sempre reconhecer, eu sinto muito, pois por toda a vida eu o vi como irresponsável, imaturo e moleque.

Quanta arrogância minha, que prepotência!

Agora eu sei a importância do respeito, da reverência, de vê-lo como suficiente pra mim, pra minha mãe, pra nossa família.  

Aquele que me deu a vida, me criou e educou. Como eu posso retribuir isso... só com meu amor.

Agora eu sei, sou apenas sua filhinha, me coloco no meu lugar de filha, sem julgamentos e com respeito.

Com humildade peço permissão pra lidar um pouquinho diferente com o dinheiro, reconhecendo que ele fez o melhor que pode.

Peço a bênção pra honrá-lo com uma vida próspera e feliz.

A partir desse passo importante, eu vou criando em mim uma ponte para o sucesso, para a prosperidade, e poderei seguir com mais força.

O mais incrível gente, foi compreender que eu reproduzi por lealdade, as mulheres da minha família, o mesmo comportamento a respeito do valor masculino em meu casamento.

Passei para os meus filhos a imagem de um pai que não se preocupava, que não ligava pra dinheiro, embora esse pai seja extremamente trabalhador, responsável e presente.

Essa imagem negativa estava dentro de mim.

Assim sendo, eu tomava conta do dinheiro e sempre achei difícil. Sofri demais, era pesado e não dava frutos...

Também pulava na frente de todas as responsabilidades com os filhos, e me desgastei muito com isso.

Sempre julguei que meu marido não sabia resolver bem as coisas.

E muitas vezes eu não dei conta de resolver... Então, meus filhos passaram por todas as dificuldades na lida com o tempo e dinheiro.

Claro, eu estava excluindo a força do meu marido e consumindo as minhas forças.

Eu não dei acesso a eles, a essa segurança do masculino.

Foi necessário então, um processo de liberação, dessa repetição de padrão de comportamento, de lealdade, que excluía a força do masculino no meu sistema.

A partir disso, foi preciso que cada um de nós assumisse a sua parte na  responsabilidade dessa tarefa, e o restante deixamos com nossos antepassados.

Sim, eles são fortes o suficiente para carregarem suas escolhas. Eles são grandes e nós somos pequenos. Ficamos só com o que é nosso.

Somos gratos aos nossos ancestrais pelas dificuldades que passaram, muito gratos.

Mas agora nosso tempo é outro e tudo que alcançarmos é conquista deles também.

Precisamos pedir a bênção de todos os nossos antepassados para nós e para as futuras gerações.

Que sejamos prósperos e abundantes, e que nossa relação com os negócios seja de sucesso e satisfação.

Gratidão, e um abraço carinhoso.

Sandra Amorim

 


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