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A LOUCURA! QUE LOUCURA?

A LOUCURA! QUE LOUCURA?
Alzenir Maria Severino Barbosa
mar. 3 - 6 min de leitura
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Quero iniciar esse texto mostrando o significado de loucura aprendido com o dicionário: “Substantivo feminino. Indivíduo desprovido de razão”; medicina: “distúrbio mental grave que impede alguém de viver em sociedade, definido pela incapacidade mental de agir, de sentir ou de pensar como o suposto; insanidade mental.”

São adjetivos que tolhem a vida da pessoa e muitas vezes de seus familiares. Me lembrei que foi pedido para escrever um texto sobre loucura, mas não havia encontrado motivo para escrever. Ainda estava entendendo o processo da Constelação e agora esse tema veio à tona. Resolvi escrever porque entendo o sofrimento de muitas pessoas, das quais não pude ajudar e nem compreendi na época. Hoje eu entendo, sinto muito e vejo o que todos passaram.

Me perdoem por ter sido insensível com suas dores.      

No módulo sobre sintomas e doenças trata-se o sintoma como caminho. Me chamou atenção para vários sistemas que conheço e que tem muitos históricos de loucura. O que geralmente acontece é a família, por não saber lidar com o comportamento da pessoa, interná-la em alguma clínica até que essa recupere a consciência. Essa luta é longa, entre muitas idas e vindas de hospitais. É uma dor que machuca todos os membros, porque muitas vezes no desespero, acabam recorrendo a todo tipo de tratamento, que muitas vezes é desumano.

Toda vez que penso em constelação, percebo que olho para trás procurando onde está a solução. E no caso da loucura, de forma particular, também é voltar para os antepassados, porque eles passaram por grandes sofrimentos. E como brasileiros, sofremos por nossos parentes que vieram de outros países.

Por que tiveram que deixar suas pátrias? Provavelmente sonharam com uma vida melhor. Mas quantos morreram pelo caminho? Quantos foram jogados ao mar sem poder viver o luto? Quantas famílias foram divididas e nunca mais se reencontraram? Quantas mulheres casaram pra seguir o marido, deixando a família para trás e nunca mais se viram? Quantos jovens partiram sonhando em poder dar aos seus pais um futuro melhor e provavelmente nunca mais os viram?

Como brasileiros, sofremos por nossos parentes que são os verdadeiros donos da terra e que foram roubados, dizimados, desrespeitados. Quantas mulheres foram retiradas de suas aldeias à força para trabalhar num ambiente que não era o seu? Muitas foram obrigadas a casar com quem não queriam e não eram de sua cultura. Foram pegas à laço, como sempre ouvimos dizer, foram violentadas de tantas formas que não fazemos ideia. Mas hoje,eu sei, eu vejo, eu sinto muito, e eu agradeço pela força que nos foi transmitida.

Hoje aprendi e reconheço como eles foram injustiçados em seu tempo. Essa “culpa”, essa dor, é transmitida de geração em geração, mas há cura. No meu sistema não tem, até onde consegui pesquisar, pessoas com esquizofrenia, mas casos de depressão sim. Agora eu sei, agora eu entendo, agora eu sinto muito, agora eu te vejo.

É extremamente importante olharmos para os excluídos de um sistema e ajudar a família a se colocar no lugar do outro. Sentir a dor do outro é dar a oportunidade desta se levantar. Por isso, cada vez mais me encanto com esse curso. A Constelação é esse abaixar, pegar na mão da dor ferida da pessoa, olhar em seus olhos e levantá-la. É fazer com que ela retome seu caminho sem dor. Essa percepção eu tive nas constelações online: pessoas “estranhas” se colocam no campo e deixam fluir os sentimentos e as ressonâncias e sempre o resultado mostra como a pessoa constelada se torna diferente.

A sua alegria e leveza se tornam visíveis em poucos minutos.

Isso me faz perceber como um mundo constelado pode ser transformador para a vivência das famílias que sofrem com seus entes queridos que perderam a consciência. Agora sabemos que eles estão olhando para o passado, para a dor de alguém, que naquele tempo foi injustiçado, oprimido. E se sabemos onde está a causa, mais fácil encontrar a solução. Agora podemos ajudar a pessoa “louca”, a família a ver o sofrimento do ente querido no passado, reconhecer seu esforço para sobreviver em seu tempo e agradecer a vida que foi transmitida, independente do sofrimento.

Esse olhar para trás e ver seu antepassado é a oportunidade da cura, de seguir sua vida. Ou seja, se quisermos caminhar em direção ao futuro é necessário olhar para o passado, fazer as pazes com todos pra prosseguir com seu próprio destino, sua própria história. Parece muito fácil, mas como aprendemos: tudo é um processo de crescimento gradativo, pois não se resolve milagrosamente na primeira constelação. Toda ferida precisa de tempo para curar.

Assim, a cura pela constelação também acontece aos poucos.

Termino esse texto lembrando que em tudo se envolve o movimento do amor. Um amor que nos leva para longe do abismo da loucura e nos conduz para traçarmos o próprio caminho por conta própria.

Mas que é fundamental estar conectado à família do presente. E é o amor, somente o amor que pode trazer essa pessoa de volta para a realidade, retomando sua consciência. E nós, terapeutas em Constelações Sistêmicas, recebemos das mãos da nossa amada Olinda essa missão linda de nos curarmos de nossas loucuras e mazelas para curarmos os outros.

Gratidão por tudo, porque meu mundo está mais leve.


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