Tantos insights neste módulo.
Quando ouvi a mestra Olinda Guedes falar :" a esperança nasce em casa, passa pela escola e se expressa no mundo do trabalho” acendeu uma luz aqui.
Lembro o quanto eu amava a escola e o carinho recebido da professora nos quatro primeiros anos do antigo primário.
Como morávamos no sitio, eu estudava em turmas com mais de uma série, as fileiras dividiam as séries.
Depois no colegial, passei a seguir para a escola de ônibus.
Lembro do frio na barriga no início de cada ano, a vergonha, nossa, como eu tinha vergonha.
Nós não tínhamos muita condição financeira, então sempre usava as roupas mais simples, chinelo, casacos usados, e nem sempre conseguíamos comprar os livros. Lembro-me bem as quantas vezes que meu pai foi para a cidade para conseguir nossos livros.
A alternativa encontrada por ele era pedir ajuda de vereadores que ele conhecia e também os que não conhecia.
“Obrigada papai querido. Graças a seu esforço e coragem eu consegui estudar!”.
É tão marcante em minha memória uma cena em que ele chegava feliz com um livro que conseguiu para minha irmã.
Eu não sei como e onde. Tínhamos mudado para a cidade – Sinop/MT – há poucos meses.
Éramos novos e não conhecíamos quase ninguém. Ele chegou alcoolizado e feliz mostrando o livro.
Estávamos na casa de meus avós maternos morando até a construção da casa. Meu avô levantou, pegou um pedaço de pau e começou a discutir com ele e mandou meu pai embora.
Sei que ele estava cansado das brigas causadas pelo meu pai em suas bebedeiras. Porém, naquele dia, exatamente naquele dia, não houve briga, estávamos felizes com a notícia.
Até hoje não entendo o que ocorreu ao certo. Só sei que passamos por dias muito difíceis ao sair às pressas, somente com as roupas e poucos móveis, para a casa ainda não terminada.
Quase igual a canção: era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha chão.
Na verdade, ela tinha paredes e telhado, somente.
O tempo passou. Eu tinha 11 anos quando isso ocorreu.
Hoje tenho 35 anos. Isso não tem mais importância, são memórias tristes que trago comigo.
Voltando, eu sempre estudava muito. Sempre tirava notas boas.
Não gostava de confusão e nem bagunça. Sentava na primeira fileira.
Era como chamavam a “CDF”. Eu gostava.
Eu era vista de uma forma invejável. É claro que alguns não gostavam e sofri bullying também.
Escrever sobre tempo e dinheiro, e também sobre profissão, como tarefa das aulas, foi um exercício e tanto.
E tudo clareou quando a mestra disse: A vida na roça nos leva a buscar resultados, não apenas estudar e entender.
Pois é assim que me sinto. Sou muito prática e gosto de executar as coisas. Não gosto de trabalhar trancada em escritórios. Adoeço quando faço isso.
Fazer um mestrado foi um grande desafio.
Eu queria resultados práticos e meu orientador dizia: o mercado faz isso.
Aqui nossa missão é pensar sobre! A foto mostra o dia de minha banca. Recebi duas críticas no dia que demorei meses para conseguir digerir tudo. A falta de maturidade na época não me proporcionou comemorar o título de "mestre". Afinal, era esse o objetivo.
Não sei ainda muito bem se estou na profissão certa. Me formei jornalista. Gosto do que faço e honro meu trabalho. Aqui nas aulas também passei a ter outro olhar pelo trabalho. Estou em paz com ele.
Porém, talvez ainda queira fazer outras coisas.
A formação em Constelações me parece ser um caminho que pode me levar para experiências diferentes.
Posso dizer que estou num momento de incubação. Sem pressa, sem ansiedade, sem pressão. É isso por hora!
Gratidão por conseguir olhar para tantas situações de minha vida, mudar meu olhar sobre algumas delas, fazer as pazes com o que me incomoda e dói aqui dentro.