Quando ouvi falar a primeira vez sobre Constelações Familiares, por meio de uma amiga, fiquei muito desconfiada.
Como podia ser possível?
Ela deixou claro que não era nada “espiritual” ou “religioso”.
A primeira vez que participei de uma Constelação, como representante, fiquei muito mexida.
Como podia eu, ter aquelas sensações?
Como tudo se encaixava?
Tive a oportunidade de constelar individualmente e também em grupo e, em ambas as situações, sai mais tocada e apaixonada pelas transformações em minha vida.
O anseio por curar minhas dores e tristezas e conhecer mais, e o incentivo de uma grande amiga, me trouxeram para a formação. Quando ouvi Olinda contando a história de Bert Hellinger, que ele esteve em um campo de concentração, tive a certeza ainda maior que estou no lugar e momento certo.
Minha família paterna é de origem alemã. Meus bisavôs vieram, ainda adolescentes, da Alemanha. Não sei por quais motivos. Eu nunca tinha parado para pensar, mas histórias do holocausto me tocam profundamente.
Já li vários livros, assisti filmes.
É como se tivesse um anseio de saber mais e mais, de dividir a dor que estas pessoas passaram. É uma dor que me toca muito.
Então na aula seguinte, ouvi o termo “memória transgeracional”, ainda desconhecido para mim. Apesar de conhecer um pouco das Constelações, pelo que experienciei e ouvi, tudo está ficando mais claro. Os sofrimentos sem explicação, em um mundo onde tudo tem explicação.
Quando ouvi Olinda falar que “encontramos no outro a expressão de nossas dores não curadas”, olhei para trás e entendi muito de alguns relacionamentos que tive. Nunca tive relacionamentos saudáveis. Sempre com muitas dificuldades.
Ciúmes, raiva, brigas, gritos.
Falando em gritos, em outra aula de Olinda tive a certeza que todos meus gritos e o falar alto, desde sempre, eram meu pedido de socorro e o medo do abandono.
Também me chamou muito atenção o “amor de graça” quando não dado para a criança.
Logo pensei: “Eu não recebi o amor de graça! Por isso sou assim!”
Mas o campo não nos mostra e, nesses dias, fui em busca de minhas raízes. Conversei com familiares na tentativa de entender mais minha história:
- Por que nasci em uma família tão desestruturada?
- Por que tenho um pai alcoólatra?
Recebi muitas informações. Chorei bastante. Então fui percebendo que talvez, realmente, por conta do alcoolismo, as coisas foram bem conturbadas. Teve violência, abandono, medo, raiva. Mas teve amor, muito amor!
As lembranças da convivência com um alcoólatra tomaram tanto espaço, que não tinha lugar para ver o resto. Mas aos poucos elas foram vindo e consegui ver o quanto meu pai, do seu jeito imperfeito, demonstrou seu amor. Ele cuidou da gente. Trabalhou duro para garantir nossas necessidades básicas. Tentou nos proteger. Ele era meu herói!
Forte, destemido, trabalhador, honesto e bondoso. Eu tinha esquecido de tudo isso.
E minha mãe. Nossa, quão guerreira ela foi. Sempre nos protegeu, nos cuidou, prezou pelos nossos estudos. Nos ensinou a ter valores.
E lembrei que sempre soubemos de onde viemos, quem era nossa família, que pertencíamos!
E então eu consegui falar isso para meu pai. O quanto eu era grata por tudo o que ele fez e detalhar o que ele fez.
Ele chorou. Eu chorei.
Sei que ainda tenho muito o que curar em mim. Aceitar algumas situações que ainda são difíceis de aceitar. Identificar a causa de algumas tristezas e dores que não sei a origem.
Mas já consigo sentir uma tranquilidade dentro de mim e uma vontade viver começa surgir. Ela tinha desaparecido.
Saber mais sobre o campo e os princípios foi revelador. Sim, eu pertenço! Sim, eu recebi amor! Sim, agora posso ocupar o meu lugar!
Estou grata por todo aprendizado. Foram muitos os insights.
Vou continuar o curso aberta para estas descobertas e transformações.
Gratidão por tudo!