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SONHOS E PESADELOS

SONHOS E PESADELOS
Sandra Regina Dias Amorim
jan. 26 - 9 min de leitura
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O sonho é a manifestação do inconsciente, é um fenômeno da nossa psique.

Os sonhos podem nos trazer premonições sobre coisas que já pairam no ar mas ainda não se tornaram conscientes.

O que sabemos é que nosso inconsciente usa os acontecimentos que nos rodeiam para dramatizar questões inconscientes que dizem a respeito a vida do sonhador. O sonho é uma criação pessoal, tudo que se encontra nessa criação diz respeito a quem sonha.

"Quase todo mundo já foi acordado, abalado e perturbado por algum sonho. Nosso sonho não parece estar bem protegido contra a intromissão dos conteúdos do inconsciente." O Homem e seus símbolos - Carl Gustav Jung

As vezes somos despertados numa espécie de choque do inconsciente, é como se ele nos dissesse: - "Acorda! Presta atenção nisso!"

Nesse caso, somos submetidos a um choque de realidade que quer nos informar que algo precisa ser olhado, que algo não vai bem.

É como se estivéssemos correndo perigo e o pesadelo fosse um aviso de alerta.

Os pesadelos nos falam das urgências que precisam ser vistas em nossas vidas ou em nosso passado ancestral.

Me lembro de uma sequência de sonhos que eu tive em certa época da minha vida. eu estava sempre adoentada e emaranhada com meus pais, fora do meu lugar de filha e sempre tentando salvá-los deles mesmos. Isso era desgastante, consumia toda a minha força, mas eu ainda não entendia.

Nesse período sonhei que estava numa igreja e pedi ao sacerdote que me desse o cálice com o sangue de Cristo para beber.

Ele me disse que se eu bebesse eu iria morrer. Aceitei a condição e ainda disse a ele que eu precisava salvar toda a minha família.

Bebi do cálice, caí no chão e agonizei. Em minha volta eu via meus amigos de infância, eles murmuravam dizendo que eu fiz uma loucura.

Não morri, fiquei agonizando por um tempo, levantei e me ajoelhei, feliz por estar viva. Quando acordei estava muito assustava, era muito real.

Meses depois, sonhei que estava em Brasópolis na casa de uma tia. Mas no sonho a casa era da minha mãe. O porão era da casa da minha tia, porém, a parte de cima da casa era uma sobrado igual a minha casa.

A casa era sustentada por colunas muito altas, de modo que a casa ficava nas alturas. Ventava muito, e a casa balançava.

O tanque de roupa estava na parede externa e a laje não tinha sustentação suficiente, o beiral da casa era estreito, e minha mãe estava lavando roupas, prestes a cair.

Desesperada, eu me agarrei no batente da porta e gritei pra ela se segurar porque a casa iria cair.

Ela muito tranquila me dizia: - Minha casa não cai, foi feita em cima da cruz de Cristo.

Ao olhar para baixo, vi muitas cruzes no porão da casa. Umas meio enterradas com os braços de fora, outras largadas pelo chão e outras muito ensanguentadas, era uma visão assustadora.

No morro ao longe, vinha uma procissão, alguém levava uma cruz com o Cristo e mais atrás, outros seguiam cantando.

Minha mãe olhou aquilo dizendo:

- Que vergonha, no meu tempo a procissão era grande e agora o povo não quer mais saber de rezar.

O pior é que ainda abandonam a cruz no meio do caminho.

A casa ficava no pé do morro e então eu entendi o porque das cruzes abandonadas ali. Acordei muito assustada, chorando. Era real demais.

Um bom tempo depois sonhei com o demônio. Ele entrou no meu quarto enquanto eu e meu marido dormíamos. Deitou-se em cima de mim e baforou no meu rosto e ouvidos.

Eu lutei com ele, ele era muito pesado, nojento e fedia. Eu gritava, empurrava e não consegui tirá-lo de cima de mim, minha espinha se arrepiava de pavor e raiva, eu sentia raiva dele.

Acordei gritando, apertando o meu marido e dizendo que tinha alguém no quarto. Ele olhou por toda a casa e então tive que aceitar que era um sonho.

Senti vontade de tomar banho e me lembro muito bem da presença dele, uma coisa horrível.

Na época eu atribuí esses sonhos a uma necessidade de oração por toda a família. Recentemente tinham acontecidos dois divórcios, e então eu interpretei que o demônio estava perturbando minha família e as pessoas estavam abandonando suas cruzes.

Alguns anos depois eu sonhei que estava numa festa de mulheres, numa roda de dança, todas de mãos dadas.

Numa época um pouco mais antiga, de vestidos longos.

Enquanto eu dançava na roda, o demônio, o mesmo do sonho anterior, vinha por trás do meu pescoço e me apertava e baforava em mim. Eu me encolhia e sentia os arrepios na espinha.

Sentia vontade de correr, mas elas seguravam firme a minha mão e eu sentia força de ficar ali.

Quanto mais ele me assediava, mais alto nós cantávamos e eu vi a imagem de Nossa Senhora no meio da roda.

Ela segurava o terço e olhava pra ele fixamente. Eu gritava por ela no meu interior, pedia socorro. Então comecei enfrentar ele.

- Você é nojento, você não vai me vencer, eu tenho Maria por proteção, sai da vida da minha família.

Eu sentia medo dele, mas eu sentia também tanta raiva e vontade de enfrentá-lo. Nesse momento foi como se ela entrasse em mim, uma força tão grande que se afastou, fiquei mole, e as mulheres dançavam ao meu redor.

Eu não estava sozinha, parecia que todas estavam felizes e satisfeitas.

Acordei com a mesma sensação de nojo, porém me senti protegida, aliviada, como se tivesse acabado.

Nessa época eu vivia um problema de drogas com meu filho. Acreditei que o sonho me mostrava uma vitória sobre a situação.

Com a graça de Deus isso aconteceu pouco tempo depois.

Meu menino ficou completamente livre das drogas. Glória a Deus e a proteção da Virgem Maria!

Quando tudo isso aconteceu eu não conhecia as constelações sistêmicas. Não tinha ideia de nada do que sei hoje. Mas agora eu penso que esses sonhos eram muito mais que eu vi.

Eles me mostravam que eu estava sofrendo, repetindo padrões de doenças em lealdade a minha família. Que eu tentava salvar os meus pais e também me sentia responsável por todos da família.

Um arquétipo de Deméter, da mãe, da salvadora, porém vivido na sua polaridade, sendo dominada por esse arquétipo.

Meu corpo estava gritando, pedindo socorro. Fiz seis cirurgias, e carreguei por um longo tempo uma terrível fibromialgia.

Sem falar que com meu excesso de proteção eu adoecia todos os meus filhos. Fui despertando aos poucos e hoje já ressignifiquei boa parte da minha história.

A respeito do demônio, hoje tenho um outro olhar de interpretação.

Penso que na minha linhagem deve ter havido algum tipo de abuso sexual, exploração sexual.

Pois ao escrever sobre isso, me vinha como se eu estivesse enfrentando o mal com a força de outras mulheres. E o nojo que eu sentia e o frio na espinha me pareceram muito que se tratava disso.

Também senti que no próprio sonho, naquele dia que eu o enfrentei, minha linhagem se curou. Foi como se tivéssemos todas juntas vencido ele.

Minha irmã e eu sofremos tentativas de abuso. Ela pulou do carro em movimento na rodovia porque um conhecido queria levá-la a força para um motel.

Felizmente foi socorrida, e ele perdeu sua esposa, emprego e sofreu as penas da lei.

Certa vez, quando eu tinha 5 anos de idade, um amigo do meu pai que vivia alcoolizado, me colocou de cavalinho em suas pernas e meus joelhos ficavam tocando suas partes.

Minha mãe notou e pegou uma vassoura e o colocou pra fora da nossa casa. Ele nunca mais voltou lá. Ela disse ao meu pai que se defendesse ele, podia ir embora também.

Eu, aos 10 anos, fui beijada por um professor e saí correndo apavorada. Não contei a ninguém por medo, mas consegui me defender dele, me afastando até o fim do ano.

Em consequência disso, fui arredia com os homens até meu casamento.

Acredito que o enfrentamento corajoso das mulheres da nossa família quebraram um padrão repetitivo, do que deve ter acontecido no passado.


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