Quando somos jovens sonhamos com o amor, com a felicidade, com o “príncipe encantado”, com “viveram felizes para sempre...”
E comigo também foi assim! Estudando as leis do amor e os movimentos que curam, me transportei aos meus tempos de jovem sonhadora... e agora, consigo perceber sobre os emaranhamentos e lealdades na minha vida.
Cada família tem as suas dores e os seus desafios. Não foi diferente comigo!
Conheci um rapaz, irmão de uma colega do Curso Pedagógico e ficamos muito amigos. Diria até que meu confidente. Trabalhamos juntos, fizemos faculdade juntos e terminamos namorando. Nós nos formamos e a vida continuou. Apesar de ser uma pessoa honesta, correta, militar e de boa família, era muito machista.
Às vezes me surpreendia com algumas atitudes de “sempre dono da razão...” mas ia levando.
Com a convivência também descobri o seu lado ciumento. Não podia falar com ninguém que tinha que lhe dar explicações. Começou a me proibir de manter amizades com rapazes que eu já conhecia e até algumas meninas. Achava que era cuidado e não dava muita atenção. Até que começaram as pequenas brigas.
Um dia descobri que estava grávida! Naquele tempo (hoje tenho 70 anos), a moça que engravidava tinha que casar-se. Mãe solteira não era bem vista. Até diziam: -” Fez mal a fulana agora tem que reparar o erro”.
Apressamos os preparativos.
Nas vésperas do casamento ele provocou uma briga só porque uma amiga falou o nome de um ex-namorado meu. Vendo isso, minha sábia mãezinha me aconselhou a não realizar o casamento. Disse que assumiria e criaria o neto. Que não precisaria me unir a ele só por causa do filho que estava esperando.
- Como que eu ia desmanchar um casamento todo pronto, com convidados, honras militares e todo planejado nos mínimos detalhes? Resolvi casar. Não tinha mais jeito. E fiquei casada durante 26 anos.
Quantas vezes pensei em separar, mas mulher separada não era bem vista. Além do mais, tinha deixado meu emprego. Tinha dois filhos lindos para cuidar e criar.
A vida foi passando... passando... Eu não entendia de emaranhamentos e lealdades, mas minha mãe também, assim como eu, não era feliz no casamento. Mas manteve o casamento até o fim. Meu pai era alcoólatra e meu marido também.
Quando comecei a escutar a Aula 02 do Módulo 02 sobre o conceito sistêmico de lealdade, “as fichas foram caindo”, como diz a professora Olinda e, eu fui constelando. O relato sobre as mulheres que perdiam a virgindade e muitas vezes se tornavam suicidas, era a pura verdade. Elas não suportavam a pressão dos familiares e da sociedade machista dos anos 70.
O que fazer para ser feliz? A família, os amigos, os filhos, todos esperavam o “até que a morte os separe”. E hoje posso constatar que “antes da felicidade... a lealdade!”
Com muito sacrifício, muita luta e muita garra, consegui voltar ao mercado de trabalho. Muitas brigas, muito sofrimento, mas consegui... para ele eu teria que continuar doméstica cuidando da casa e das crianças, enquanto a ele, nas folgas, era permitido ir aos bares e aos “babas” com os amigos.
Em determinado momento, ele precisou fazer um curso em outro estado por um ano e, aproveitando a oportunidade, me matriculei na minha primeira especialização. E depois não parei mais! Vieram a segunda, a terceira, a quarta, a quinta e a sexta especializações.
As crianças foram crescendo e as situações se resolvendo na medida do possível.
Fui convidada para ocupar o cargo de Diretora Técnica da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional Bahia, onde fiquei por dois mandatos e ganhei asas. E voei alto igual as águias. Consegui lançar meu primeiro livro pela Qualitymark e lá fui eu, toda feliz, alçando voos cada vez maiores.
Um dia, com as crianças já crescidas (a filha já formada e casada e o filho se formando em medicina), dei meu voo mais alto para a liberdade. Fui embora, aos 52 anos de idade, para começar de novo tal qual a música de Ivan Lins: “Começar de novo e contar comigo... vai valer a pena, ter amanhecido...”
Sensação de liberdade do cativeiro...
Muitas dificuldades nesse mundo machista e hipócrita, onde os casais amigos, depois da separação, deixaram de ser... muitos preconceitos... algumas culpas por ter deixado com o pai, o filho de 21 anos... estava indo para as incertezas e não podia arrastá-lo junto... tempos difíceis, mas tranquilos pela libertação!
Segundo a professora Olinda, “o destino das pessoas se constrói com suor e sangue.” Isso mesmo, mas vale sempre à pena viver. Vivi muito tempo prisioneira às regras do “tem que ser, senão...” tinha muito medo de ser excluída e, ninguém suporta a exclusão.
Fazemos tudo para pertencer, inclusive renunciar à felicidade. Hoje carrego alguns sintomas: fibromialgia, dores articulares, hérnias cervicais e lombares...
Se você sai dos padrões pré-estabelecidos ao chegar no lugar certo, você se empodera e consegue se amar!
Segundo nosso mestre Hellinger, “para você ser feliz, você precisa ser um pouco desleal...” deixar a lealdade da família em ter que conservar um casamento falido e partir para ser livre e voar em busca de novos horizontes.
“Felicidade é mudar o mapa mental!”
As Constelações chegaram na minha vida no momento certo e na hora exata. A pandemia me deu de presente essa oportunidade de cura. Não vou mais permitir relações abusivas. Estou curando o meu coração das tristezas e dos sofrimentos passados.
Hoje entendo que o amor do espírito é o amor do coração, da compaixão. Que apesar de tudo fui perdoando aos poucos e consegui depois de oito anos separada, acompanhá-lo numa internação de 50 dias, que culminou na sua ida para o plano espiritual em 2010.
Agora, depois de todas essas lembranças que ficaram guardadas no meu coração, eu posso dizer a ele: “está tudo certo... eu vejo você!”
"Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso, porque já chorei demais... Hoje, me sinto mais forte mais feliz quem sabe eu só levo a certeza, de que muito pouco eu sei... ou nada sei... conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs... é preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir, é preciso a chuva, para florir..." Almir Satter
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MÓDULO 02