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Carta sobre as relações conjugais dos meus pais

Carta sobre as relações conjugais dos meus pais
Marisane dos santos
nov. 17 - 5 min de leitura
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A infância da minha mamãe não foi das piores.

Apesar de desde criança precisar trabalhar na roça junto com a família, nunca passou necessidades e fome. Foi criada numa família muito religiosa onde ninguém ia para a cama sem rezar o terço antes.

Na casa da minha nona todos sempre respeitavam o nono como o patriarca da família, ele não falava nada, apenas olhava e tudo já era compreendido. Nada de paparicação ou vínculos afetivos entre pais e filhos. A família não se opôs ao casamento dos meus pais apesar dele ser muito pobre e não ter nada e minha mãe vir de uma família aparentemente com condições melhores de vida.

A infância de meu pai foi conturbada, meu vovô bebia muito, minha vovó trabalhava muito com os pés descalços, perdeu um bebê recém nascido esmagado na cama de varas de madeira, perdeu outro bebê devido a meningite, sofreu muita tristeza devido a relação matrimonial abusiva... Aos 48 anos faleceu deixando 2 crianças que os meus pais ajudaram a criar.

A relação dos meus pais na minha visão de criança era sempre um pé de guerra, viviam discutindo muito todo dia. Para eles isso não era briga, era apenas bate boca mas eu odiava ouvir. Não dava para entender, discutiam e depois sentavam para beber chimarrão como se nada fosse.

As brigas ocorriam porque a mamãe trabalhava muito, economizava tudo e o papai gastava com coisas desnecessárias, bebida (não me recordo de ver o meu pai bêbado). Pensava quando criança que eu jamais quereria casar.

Até hoje, 42 anos depois, eles continuam batendo boca em tão de voz alto. Eu aprendi que eles se amam daquele jeito bruto e não ligo mais para isso.

Na minha vida me dei conta de que dispensei para bem longe todos os homens que representavam um perigo de união, todos que demonstraram interesse sério comigo eu acabava dispensando.

Quando engravidei a primeira providencia foi afastar o meu namorado.

Lembro que recebi 3 pedidos de casamento de rapazes que gostavam de mim e queriam me assumir mesmo grávida. Não aceitei pois não tinha nenhum interesse neles e muito menos em casar.

Meses depois descobri que eram gêmeos, mesmo assim me assumi orgulhosamente mãe solteira de gêmeos.

Tinha aversão ao masculino que nem a pensão eu usava, colocava na poupança, queria mostrar que me virava sozinha e não precisava de homem para ficar discutindo. Atitude egoísta pois não pensei nas crianças que cresceram sem o pai, somente na presença do vovô.

Me dei conta que tentei fazer diferente das mulheres da família, mas como em todo emaranhado, o destino estava trabalhando para eu aprender. Sempre atrai homens que tinham acabado algum relacionamento, igual ao meu campo de dor. Sempre me envolvi por longos períodos com pessoas que não queriam algo além de aventuras.

Assim eu me sentia segura e no comando.

Sempre senti muito respeito e admiração pelo pai dos meus filhos, apesar dele morar longe. Agora, depois de 20 anos, ele e a sua família estão planejando vir morar perto dos filhos.

Hoje vivo uma relação abusiva, não deixo ser desrespeitada e já pedi separação muitas vezes. Estou tentando me curar pois também tenho consciência de que sou 50%  responsável pelo meu relacionamento e quero tentar fazer de tudo para dar certo.

Meu marido é muito trabalhador e caprichoso, não temos filhos juntos, tenho 2 e ele um menino muito maravilhoso de 5 anos que eu amo muito. Estamos trabalhando juntos num projeto, construindo uma chácara.

Apesar de ter que puxar pedras o final de semana todo, é muito bom trabalhar com ele. Nós não discutimos ele é calado e se não gosta de alguma coisa fica mais mudo, igualzinho ao meu nono. Pena que ele gosta de beber muita cerveja.

Quando ele vai jogar futebol e volta tarde eu não consigo dormir, sinto algo tão ruim que acredito ser a memória da minha vovó. Prefiro viver sozinha do que sentir isso e já fiz de tudo para curar esse sentimento.

Ele não acredita no que eu sinto mas está me acompanhando e dando o primeiro passo para mudança. Sei que meu relacionamento tem haver com lealdade pois nem eu entendo como ainda não consegui terminar esse relacionamento sendo que todos eu terminava sem dó ou piedade dos homens...

Quanto mais estudo, mais fichas caem. Até falo brincando em casar com ele, mas ele já teve dificuldades matrimoniais com 3 mulheres que acredito que vá demorar muito para se recuperar.

Comigo ele tem medo de se entregar e ser abandonado e sofrer...


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