Convivendo com as pessoas e ouvindo tantas queixas, eu tenho me perguntado:
O que acontece com a humanidade?
Tantas pessoas apenas sobrevivendo, carregando a vida como um pesado fardo, numa vida isenta de alegria, isenta de sentido. Sinto que o mundo tem se tornado para muitos um lugar muito árido, um deserto difícil de atravessar.
Me pergunto onde nos perdemos.
Vamos nos acostumando com os sofrimentos rotineiros, tratando a infelicidade e a insatisfação como algo inerente a vida humana. Muitos dizem que a vida é assim mesmo e seguem conformados. Esses sentimentos são como as ervas daninhas que afetam nossos jardins, se não dispensamos cuidamos diários para erradica-las, quando nos damos conta, nosso jardim está tomado por algo que ameaça sua beleza.
Não podemos nos acostumar com sofrimento, ele não faz parte de uma vida feliz.
Tantas coisas nos incomodam, nos fazem infelizes. E nós tratamos de empurrar para debaixo do tapete, tão mais fácil do que parar, olhar para dentro de si e tentar entender o que aquele sofrimento vem nos dizer, o que aquela dor tem a nos ensinar. As pessoas hoje perderam a capacidade de conviver com a dor. Buscam se anestesiar a todo momento, esquecendo-se que a dor é mensageira e que conduz ao caminho da felicidade. Quando dói, é sinal de que pegamos o caminho errado.
Nós só paramos para consertar o telhado quando a ventania o arranca, mas as goteiras que existem lá podem passar uma vida inteira pingando sem que a gente resolva. São essas goteiras que nos impedem de ter uma vida plena e feliz.
A vida muda quando muda o olhar, como diria o poeta: “não tenho caminho novo, o que tenho de novo é o jeito de caminhar”.
É preciso treinar nosso olhar para enxergar beleza no caminhar, há tantas dádivas em cada chuva, mas os olhos que permanecem focados nas goteiras não conseguem ver o lindo arco íris que se forma lá fora.
