A música como ferramenta de cura da nossa alma
Canção: Chico Mineiro
Letra e música: Francisco Ribeiro e Tonico
Cada vez que me alembro
Do amigo Chico Mineiro
Das viagem que nóis fazia
Era ele meu companheiro
Sinto uma tristeza
Uma vontade de chorar
Alembrando daqueles tempos
Que não mais há de vortar
Apesar de eu ser patrão
Eu tinha no coração
O amigo Chico Mineiro
Caboclo bom, decidido
Na viola era dolorido e era o peão dos boiadeiro
Hoje porém com tristeza
Recordando das proeza
Da nossa viagem motin
Viajemo mais de dez anos
Vendendo boiada e comprando
Por esse rincão sem fim
Caboclo de nada temia
Mas porém, chegou um dia
Que Chico apartou-se de mim
Fizemos a úrtima viagem
Foi lá pro sertão de Goiás
Fui eu e o Chico Mineiro
Também foi o capataz
Viajemo muitos dias
Pra chegar em Ouro Fino
Aonde nós passemo a noite
Numa festa do Divino
A festa tava tão boa
Mas antes não tivesse ido
O Chico foi baleado
Por um homem desconhecido
Larguei de comprar boiada
Mataram meu companheiro
Acabou-se o som da viola
Acabou-se o Chico Mineiro
Despoi daquela tragédia
Fiquei mais aborrecido
Não sabia da nossa amizade
Porque nóis dois era unido
Quando vi seu documento
Me cortou meu coração
Vim saber que o Chico Mineiro
Era meu legítimo irmão
Essa canção foi gravada pela dupla brasileira Tonico e Tinoco, pela primeira vez em 1958.
O que me motiva escrever sobre esta letra é seu enredo, que é singelo e ao mesmo tempo profundo por ter em sua letra aspectos sistêmicos familiares.
Através de seus versos podemos perceber o drama de dois homens, patrão e empregado, que conviveram por longos anos sem saberem que eram irmãos.
São doze estrofes que dizem sobre duas pessoas muito próximas que foram separados por uma tragédia, sendo que um deles, no caso, o que ficou vivo no enredo, abriu mão do sonho de vida e de seu trabalho em homenagem ao companheiro que morreu.
No meu ponto de vista o auge da música se mostra no trecho:
... Larguei de comprar boiada
Mataram meu cumpanheiro
Acabou-se o som da viola
Acabou-se o Chico Mineiro...
Aqui podemos perceber que ao escrever esta canção, o compositor descreve também as leis sistêmicas:
... Sinto uma tristeza
Uma vontade de chorar
Alembrando daqueles tempos
Que não mais há de vortar... (Lei do Pertencimento).
Outro trecho:
Quando vi seu documento
Me cortou meu coração
Vim saber que o Chico Mineiro
Era meu legítimo irmão (lei do pertencimento e compensação)
É uma canção que mostra como somos movidos pelo instinto da manada, pelo pertencimento e pelo grupo a quem fazemos parte. Apesar das diferenças, somos unidos por um vínculo profundo que muitas vezes por alguma razão não nos damos conta.
Reconhecer quem somos é o papel de quem convive conosco. É reconhecer nossa origem e recuperar a alegria de viver.
Você já escutou essa música? Já ouviu essa melodia com o coração ?
Quem sabe você possa, assim como eu, apreciar essa obra e se permitir um grande movimento em sua vida.
Nos abrirmos para quem somos em nossa origem, pode sim nos permitir a alegria e a felicidade na sua totalidade.
Fonte do vídeo: Youtube (Canal Eternas Músicas)
Autor: Diego Fernandes Baliero, musicista, violista, antropólogo, coach, terapeuta e constelador. Está cada vez mais em paz com seus irmãos de sangues e os demais irmãos também.